Presidente do principal banco estatal uruguaio renuncia em meio a escândalo
Montevidéu, 4 abr (EFE).- O presidente do principal banco estatal do Uruguai, Fernando Calloia, apresentou nesta sexta-feira sua renúncia ao presidente do país, José Mujica, horas depois que a Justiça anunciou seu indiciamento por abuso de funções na liquidação da companhia aérea Pluna.
“Nesta tarde se reuniu com o senhor presidente e pôs seu cargo à disposição”, afirmou à Agência Efe uma fonte da secretaria da presidência do Banco da República Oriental do Uruguai (BROU).
Além de Calloia, pelo mesmo caso foi indiciado também nesta sexta o ex-ministro de Economia, Fernando Lorenzo, mas nenhum dos dois deverá ser preso enquanto acontece o julgamento porque não tem antecedentes penais e a Justiça assegura ter requisitado todas as provas necessárias para o processo.
Segundo a fonte, antes de apresentar sua renúncia a Mujica, Calloia “se reuniu com os outros diretores” da instituição.
Junto com o titular do BROU puseram seu cargo à disposição do presidente o primeiro e o segundo vice-presidente do banco, Jorge Perazzo e Danilo Vázquez, representantes do partido governista Frente Ampla (FA) no diretório da entidade.
A juíza do crime organizado Adriana de los Santos aceitou hoje o pedido do procurador Juan Gómez e processou Calloia e Lorenzo por abuso de funções.
Lorenzo renunciou em dezembro do ano passado quando foram detidos o argentino Matías Campiani, ex-gerente da Pluna, e os empresários Sebastián Hirsch e Arturo Álvarez Demalde, processados depois com prisão preventiva pela quebra da companhia aérea em meados de 2012.
A renúncia do ex-ministro foi comunicada pelo próprio presidente José Mujica, que então respaldou Lorenzo e lamentou sua saída do governo.
O Parlamento uruguaio aprovou no dia 17 de julho de 2012 a liquidação de Pluna a pedido do Executivo, devido à crítica situação financeira da empresa.
A Pluna operava 250 voos semanais entre Argentina, Brasil, Chile e Paraguai, o que representa cerca de 80% do total de voos no Uruguai.
Após a quebra aconteceu um frustrado leilão público de seus aviões na qual o BROU outorgou um aval milionário a uma desconhecida empresa supostamente espanhola, Cosmo, para adquirir as aeronaves em uma rocambolesca operação que não deu certo e que motivou a denúncia da procuradoria contra Calloia e Lorenzo. EFE
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