Presidente do Quênia diz que ataques não são de Al Shabab, mas políticos
Nairóbi, 17 jun (EFE).- O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, afirmou nesta terça-feira que os ataques perto da ilha de Lamu, no norte do país, nos quais morreram cerca de 60 pessoas, “não foram ataques do Al Shabab”, mas planejados e motivados “politicamente”.
Em um pronunciamento à nação, Kenyatta assegurou que a segurança foi reforçada em torno das localidades atacadas desde domingo, Mpeketoni e Poromoko.
O líder indicou também que suspenderá os membros das forças de segurança que agiram de forma negligente ao ignorar a informação de inteligência que advertiu sobre os ataques.
“Esse ataque foi motivado politicamente e não faz parte da guerra de Al Shabab”, assegurou Kenyatta apenas algumas horas depois que a milícia radical islâmica somali reivindicasse o segundo ataque cometido ontem à noite em Poromoko que causou pelo menos dez mortos.
Nas palavras do presidente, “o ataque de Lamu foi bem planejado, orquestrado e politicamente causou violência étnica”.
Os radicais somalis também reivindicaram ontem a autoria do ataque realizado no domingo passado contra a pequena cidade de Mpeketoni, que deixou pelo menos 48 vítimas mortas.
No entanto, Kenyatta – em sua primeira aparição pública após os atentados – afirmou que esses ataques respondem a um “perfil étnico” e “não são ataques de Al Shabaab”.
“As provas demonstram que as redes políticas locais estiveram envolvidas na organização e na execução desse crime odioso”, acrescentou o presidente.
Quênia – especialmente em Nairóbi e na cidade litorânea de Mombaça – foi objeto de ataques desde que, em outubro de 2011, seu Exército entrou na Somália devido a uma onda de sequestros em solo queniano que atribuiu à milícia islamita somali.
Apesar disso, o presidente queniano insistiu: “Vivemos em um tempo em que o povo é vulnerável diante de líderes imprudentes que se dedicam a divulgar ódio”.
Há poucos dias, o ex-primeiro-ministro Raila Odinga anunciou que seu partido, a Coalizão para a Reforma e a Democracia (CORD), organizará manifestações para pedir ao governo a melhorar a situação de segurança no país e retirar suas tropas da Somália, presença militar com a qual Al Shabab justifica suas ações.
O governo queniano recebeu várias críticas por não haver reagido perante a ameaça dos fundamentalistas e pela lenta reação das forças de segurança perante os ataques.
Além de manifestar suas condolências às famílias dos falecidos, o presidente prometeu assistência médica e ajuda a aqueles que tenham perdido seus negócios durante os ataques.
Al Shabab, que em 2012 anunciou sua adesão formal à rede terrorista Al Qaeda, controla amplas zonas do centro e o sul da Somália, onde o frágil governo somali ainda não está em condições de impor sua autoridade. EFE
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