Presidente do Quênia se diz “aliviado” após retirada de acusações do TPI
Nairóbi, 5 dez (EFE).- O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, se mostrou “aliviado” e “emocionado” após saber nesta sexta-feira que a Promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) retirou as acusações contra ele como suposto responsável da onda de violência pós-eleitoral ocorrida em seu país no final de 2007.
“Para ser sincero, estamos muito emocionados. Estive esperando esta notícia desde o dia em que meu nome foi vinculado a este caso”, declarou o presidente queniano através da conta oficial do governo no Twitter após saber da decisão do TPI.
“Também estou profundamente aliviado por esta decisão, que demorou seis anos”, acrescentou o presidente, que insistiu que tem a consciência “muito tranquila”.
“Declarei em repetidas ocasiões minha inocência ao povo do Quênia e ao mundo inteiro”, reiterou.
O líder denunciou que os casos vinculados com o Quênia foram levados perante o TPI “sem a devida investigação” e com “um forte interesse para estigmatizar as pessoas acusadas”.
A promotora do TPI, Fatou Bensouda, tomou hoje a decisão de retirar as acusações ao líder devido à falta de provas suficientes para julgar-lhe, algo que atribuiu à falta de cooperação do governo africano.
No entanto, a promotora não descartou apresentar mais adiante novas acusações contra Kenyatta “se forem obtidas evidências suficientes”.
Nas palavras do presidente queniano, “o fato de que a promotoria defenda um caso carente de provas demonstra a pressão exercida por interesses desonestos”, o que “debilita a filosofia da justiça internacional”.
“Não há justiça quando organizações de direitos humanos e um tribunal internacional conspiram para trair as vítimas e perseguem inocentes”, acrescentou.
“Um caso a menos, restam dois”, acrescentou Kenyatta, em referência aos processos que seguem em andamento contra o vice-presidente do Quênia, William Ruto, acusado pelos mesmos crimes, e contra Walter Osapiri Barasa, um jornalista queniano acusado de subornar testemunhas para que se retirassem do caso.
A promotoria do TPI tinha acusado Kenyatta de ter orquestrado e financiado os grupos que em 2007 protagonizaram a grave onda de violência pós-eleitoral vivida no país, quando ostentava o cargo de vice-primeiro-ministro e titular de Finanças.
Nestes distúrbios morreram 1.300 pessoas e mais de 600.000 se viram obrigadas a abandonar seus lares.
Após a vitória de Kenyatta nas eleições de março de 2013, o Quênia se transformou no primeiro país que elegeu como chefe de Estado um candidato processado pelo TPI e no segundo país, depois do Sudão, dirigido por um presidente que enfrentava um julgamento dessa corte com sede em Haia. EFE
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