Presidente mexicano anuncia reformas para combater crime organizado
Cidade do México, 27 nov (EFE).- O presidente do México, Enrique Peña Nieto, anunciou nesta quinta-feira uma reforma constitucional para combater a infiltração do crime organizado nas prefeituras do país, em resposta ao desaparecimento de 43 estudantes há dois meses no município de Iguala, no estado de Guerrero.
Segundo o plano, serão criadas 32 polícias estaduais para substituir as mais de 1.800 corporações municipais, muitas delas infiltradas pela máfia. Os novos órgãos de segurança serão mais “sólidos, profissionais e eficazes” e aprovados em níveis de profissionalização, protocolos, equipamentos e tecnologias, afirmou o presidente.
A reforma, que será enviada ao Congresso na segunda-feira, propõe também a possível dissolução de uma prefeitura quando existirem indícios suficientes de envolvimento das autoridades locais com criminosos, como ocorreu com o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, atualmente preso.
Em mensagem à nação para definir uma nova estratégia para combater a insegurança, a impunidade e a corrupção, o presidente indicou que a iniciativa contempla punições para prefeitos que não entreguem o controle dos corpos policiais e aos governadores que não assumam a responsabilidade da polícia única.
“O Estado deve oferecer-lhes um projeto de vida e fornecer bons salários”, afirmou Nieto em discurso no Palácio Nacional, sede do Executivo, acompanhado por representantes do Legislativo e do Judiciário, da sociedade civil e de empresários.
A medida significará um “enorme desafio” orçamentário, explicou o presidente. Por isso, em uma primeira etapa será dada prioridade a quatro estados que apresentam uma maior fraqueza institucional: Guerrero, Jalisco, Michoacán e Tamaulipas.
O presidente anunciou outra reforma constitucional para definir a competência de cada autoridade no combate ao crime. Entre as medidas está também a criação de um número telefônico, o 911, para ser acionado em caso de emergências e outros serviços de ajuda à população.
Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), enfrenta a crise mais grave desde que assumiu o poder, em 1º de dezembro de 2012, por causa dos estudantes desaparecidos em Guerrero, que revelou a infiltração do crime organizado nas policias e autoridades municipais.
Segundo as investigações, em 26 de setembro policiais de Iguala dispararam contra estudantes, com idades entre 18 e 21 anos, de uma escola rural para formação de professores, por ordens do então prefeito, José Luis Abarca, que recebia dinheiro do cartel Guerreros Unidos.
Na ação morreram três alunos e outros três civis. Outros 25 jovens ficaram feridos e 43 estudantes foram entregues por policiais corruptos ao cartel, que os assassinou e incinerou os corpos para apagar os rastros do crime, de acordo com os depoimentos de vários detidos. EFE
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