Presidente sul-africano pede fim dos ataques xenófobos
Johanesburgo, 16 abr (EFE).- O presidente sul-africano, Jacob Zuma, pediu nesta quinta-feira desde o parlamento que seus compatriotas ponham fim aos ataques maciços contra imigrantes do resto da África e de países asiáticos que têm ocorrido no país desde o mês passado.
“A frustração ou o medo não podem justificar ataques assim”, declarou Zuma na Cidade do Cabo, em seu comparecimento perante a câmara.
O presidente condenou “nos termos mais duros possíveis” a violência xenófoba que começou em março na província oriental de Kwazulu-Natal, e que provocou pelo menos cinco mortes e o deslocamento de mais de dois mil imigrantes.
“Ao mesmo tempo que condenamos os ataques, somos conscientes, e mostramos nossa simpatia pelas questões colocadas pelos cidadãos sul-africanos afetados”, acrescentou Zuma, em referência aos argumentos que os sul-africanos usam para justificar os ataques.
Muitos sul-africanos acusam imigrantes de países como a Somália, Etiópia e Zimbábue de tirar trabalho e trazer criminalidade ao país, e recriminam o governo pela suposta tolerância excessiva com a imigração ilegal.
“Neste sentido, as SANDF (Forças Armadas Sul-Africanas) transferirão 350 soldados ao Ministério do Interior para trabalhar como oficiais de imigração em postos fronteiriços”, afirmou Zuma, segundo um comunicado da presidência.
O chefe de Estado lembrou também que os imigrantes contribuem para economia e pediu aos sul-africanos que apoiem os refugiados e os imigrantes que, ressaltou, “não são todos ilegais”.
Enquanto Zuma pronunciava seu discurso, a tensão continuava no centro de Durban (Kwazulu-Natal) e zonas do leste de Johanesburgo, onde a polícia teve que se mexer para evitar que grupos de cidadãos agredissem os estrangeiros.
Também hoje, os governos do Quênia e Zimbábue anunciaram a intenção de repatriar seus cidadãos na África do Sul que assim o desejem.
O Malawi decidiu ontem enviar à África do Sul vários ônibus para retirar 500 cidadãos afetados pela onda de violência.
O governo sul-africano foi criticado por coletivos de imigrantes e ativistas de direitos humanos por sua incapacidade para proteger os estrangeiros e perseguir os que os agridem.
Estas explosões de violência xenófoba são recorrentes na África do Sul, onde em 2008 morreram mais de 60 pessoas em uma série de incidentes similares. EFE
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