Presidentes bolivarianos apoiam Venezuela antes da Cúpula do G77
Lorena Cantó.
Santa Cruz (Bolívia), 14 jun (EFE).- O encontro com movimentos sociais realizado neste sábado na cidade boliviana de Santa Cruz antes da inauguração da Cúpula do G77 + China derivou em um ato de apoio ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por parte de seus colegas de Bolívia, Cuba e Equador.
No estádio Tahuichi Aguilera e perante milhares de pessoas, os presidentes Raúl Castro (Cuba), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador) receberam Maduro perante a situação de protestos sociais que a Venezuela atravessa e que provocaram inquietação internacional.
Também estiveram presentes neste encontro o presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, embora este último não tenha feito nesse discurso.
Bandeiras de Bolivia e Cuba e imagens de Che Guevara – que hoje teria completado 86 anos -, enchiam o estádio de Santa Cruz, no qual o público animou os políticos segundo faziam seus discursos em um ataque comum contra o “imperialismo”.
“Guerra não convencional”, “Estados Unidos terá um segundo Vietnã se continuar agredindo a Venezuela”, ou “assédio através das armas de destruição em massa que são os meios pertencentes às oligarquias” foram algumas das referências dos líderes à suposta campanha de desestabilização enfrentada pelo governo de Maduro.
O presidente de Cuba, Raúl Castro, ressaltou as conquistas da revolução bolivariana perante o que considerou tentativas do “imperialismo” e dos “oligarcas” de derrubar Maduro, cujo país “merece nosso mais resoluto apoio”.
Segundo o líder cubano, os defensores do imperialismo “pensam que chegou o momento de destruir a revolução bolivariana e derrubar o presidente Maduro usando métodos de guerra não convencional”.
Para o governante equatoriano, Rafael Correa, o “assédio” ao governo venezuelano prova a existência de “uma restauração conservadora (…), uma direita nacional e internacional com estratégias de poder coordenada e articuladas”.
“E por isso os povos de nossa América, os movimentos progressistas e de esquerda também têm que estar articulados, mais unidos, mais coordenados do que nunca”, ressaltou Correa.
Além foi o anfitrião, o presidente Evo Morales, advertiu que os Estados Unidos terão seu “segundo Vietnã” se persistir no que considerou agressões ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela e à América Latina.
Morales se dirigiu publicamente a seu colega para assegurar-lhe que “não está sozinho” e acrescentou que a luta de seus antepassados para defender a democracia, os recursos naturais, a soberania e a dignidade “vai continuar enquanto exista o império e o capitalismo”.
Perante este desdobramento de apoios, Maduro assegurou em seu discurso que seu povo “jamais se entregará”.
“Vai continuar batalhando acima de obstáculos, de conspirações. Perante cada conspiração nosso povo teve a sabedoria para manter a união, os objetivos claros, a fé no projeto revolucionário que o comandante (Hugo) Chávez construiu para nossa pátria”, disse Maduro.
O governante venezuelano disse, em referência a sua presença na Cúpula do G77, que foi a este fórum para levar “a verdade” de seu país, que “repudia o intervencionismo e exige respeito à soberania”.
Maduro insistiu que seu país enfrenta “uma conspiração” que pretende dividir o país para se apoderar das reservas petrolíferas.
Após este ato com movimentos sociais, os presidentes foram ao local da feira de Santa Cruz, Fexpocruz, para participar da inauguração oficial da Cúpula do G77 + China.
Cerca de 20 chefes de Estado e primeiros-ministros, e mais de uma centena de delegações participam deste fórum convocado pela Bolívia, que exerce este ano a presidência rotatória do grupo.
A Cúpula servirá para perfilar um documento que substitua depois de 2015 os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio traçados pela ONU.
A mudança climática e a erradicação da pobreza extrema são dois dos eixos que serão debatidos na sessão plenária deste domingo, após a qual se aprovará uma declaração pactuada por todos os países, como exigem os mecanismos de funcionamento do G77. EFE
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