Preso de Guantánamo agradece Uruguai e diz que retribuirá acolhida

  • Por Agencia EFE
  • 08/12/2014 11h11
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Montevidéu, 8 dez (EFE).- Um dos seis detentos do presídio de Guantánamo (Cuba) que chegaram ao Uruguai ontem como refugiados, Abdul Hadi Omar Faraj, agradeceu poucas horas depois em uma carta a acolhida e disse que retribuiria com “boa vontade e “contribuições positivas”, segundo publicou nesta segunda-feira o jornal local “El País”.

“Quanto a mim e aos outros prisioneiros, desejo assegurar a todos os uruguaios, incluindo o governo, que daremos só boa vontade e contribuições positivas ao Uruguai, enquanto aprendemos espanhol e refazemos nossas vidas aqui”, afirmou Faraj em uma carta enviada ao jornal por seu advogado em Nova York, Ramzi Kasem.

Seis presos -quatro sírios, um tunisiano e um palestino-, considerados de baixo risco pelos Estados Unidos, foram transferidos na madrugada de domingo do presídio americano ao Uruguai como parte do programa de fechamento de Guantánamo implementado pelo presidente Barack Obama.

Segundo uma pesquisa feita em outubro, 58% dos uruguaios rejeitava a vinda dos presidiários. O asilo foi um compromisso adotado pelo presidente do Uruguai, José Mujica, em seu último encontro com Obama, em março de 2014.

“Tenho certeza que muitos uruguaios sentem curiosidade por mim e pelos outros homens, portanto quero destinar esta carta diretamente ao povo do Uruguai, no espírito de abertura e da amizade que nos mostraram”, afirmou o ex-interno de Guantánamo, de 39 anos e origem síria.

Mujica decidiu oferecer a “hospitalidade” de seu país “para seres humanos que sofriam um atroz sequestro em Guantánamo”, segundo explicou em uma carta publicada em 5 de dezembro, na qual acrescentava que a razão para o asilo era “humanitária”.

A oposição política uruguaia também criticou a iniciativa do presidente, acusado de “comprar um problema” para o país.

Faraj, expressou sue desejo de “agradecer pessoalmente” ao presidente por seu “ato nobre de solidariedade” e por “seu compromisso” de tratar ele e os ex-reclusos como “como seres humanos plenos, em vez de atuar como outro carcereiro”.

O ministro das Relações Exteriores uruguaio, Luis Almagro, afirmou que os ex-presidiários “serão homens livres” no país.

“Se não tivesse sido pelo Uruguai, hoje ainda estaria nesse buraco negro em Cuba. Não tenho palavras para expressar o agradecimento que tenho pela confiança imensa que os senhores, o povo uruguaio, dada para mim e os outros prisioneiros ao nos abrir as portas de seu país”, escreveu.

Faraj relatou suas origens na Síria, sua mudança para o Irã para buscar trabalho e depois ao Afeganistão, sua fuga ao Paquistão, sua detenção e entrega a militares dos EUA e sua prisão Guantánamo em 2002.

“Durante os últimos 12 anos também fui conhecido como prisioneiro número 329 em Guantánamo. Os EUA me encarceraram em condições cruéis, sem acusações, julgamento ou processo justo. Em 2009, uma equipe do governo dos Estados Unidos, incluindo representantes dos militares, FBI e CIA revisou meu processo e determinou de forma unânime que eu deveria ser libertado de Guantánamo”, contou.

“Não podemos agradecer o suficiente por nos receber em seu país, enquanto aprendemos espanhol e refazemos nossas vidas aqui”, concluiu Faraj. EFE

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