Prévia tucana tem troca de acusações, urna quebrada e pedido de impugnação

  • Por JP com Agência Estado
  • 29/02/2016 08h38

"Estão querendo fazer é ganhar no tapetão" Bruna Piva e Barbara Dantine/Jovem Pan Prévia tucana terá segundo turno entre João Doria e Andrea Matarazzo

O empresário João Doria, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, afirmou no fim da noite deste domingo que seus adversários na prévia tucana estão querendo ganhar a indicação do partido “no tapetão”. “O que estão querendo fazer é ganhar no tapetão. Eles estão vendo que a situação dos nossos adversários, que merecem respeito, mas a situação deles não é boa na apuração e a expectativa também não é boa, então querem utilizar o tapetão e não vai funcionar. O que vai funcionar aqui é o voto”, afirmou Doria, confiante no resultado das urnas.

O vereador Andrea Matarazzo rebateu a fala do adversário João Doria. “E ele (tenta ganhar) no poder econômico e na mão grande. Não vai ganhar assim”, disse Matarazzo. O vereador, cercado por militantes de Doria, deixou o local de votação rapidamente rapidamente.

Sob esse clima de tensão, Doria e Matarazzo disputarão o segundo turno das prévias, marcado para 20 de março. A repórter Jovem Pan Helen Braun registrou alguns momentos de tensão. Partidários de Matarazzo gritavam “Eu não vim pago” em referência aos militantes de Doria que foram transportados aos postos de votação. Já os aliados do empresário manifestavam seu apoio ao governador Geraldo Alckmin, apoiador de Doria:

Matarazzo passou rapidamente pela Câmara Municipal nesta madrugada, onde acontece a apuração da prévia do partido. Ele ficou por cerca de meia hora e saiu sem fazer menção à evolução da apuração ou ao eventual resultado. A apuração se estendeu por mais de sete horas, desde o fim da tarde de domingo, e teve pancadaria e quebra de una no diretório do Tatuapé (veja mais abaixo).

Pedido de impugnação

Neste domingo, o ex-governador Alberto Goldman e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, respectivamente aliados de Andrea Matarazzo e de Ricardo Trípoli, entraram com uma petição pedindo que o diretório municipal cancele a inscrição de Doria nas prévias. O documento também pede sanções a Doria como filiado do PSDB. A petição alega que houve abuso de poder econômico e propaganda irregular na campanha do empresário, com uso de boca de urna, uso de coletes por militantes dentro de zona de votação, transporte “em massa” de filiados para os pontos de votação.

“Não tem nenhuma procedência, não tivemos nenhuma medida equivocada, fizemos absolutamente tudo dentro rigorosamente das regras do partido. As prévias não são reguladas pela legislação eleitoral, são reguladas pelo partido”, respondeu o pré-candidato.

Doria trouxe com ele, para rebater a petição dos aliados de seus adversários, uma equipe de peso. Estavam a seu lado o vice-presidente estadual do PSDB, Evandro Losacco, Julio Semeghini, chefe do escritório do governo Alckmin em Brasília e coordenador da campanha de Doria em São Paulo, além do deputado federal Silvio Torres, também aliado de Alckmin e secretário-geral do PSDB nacional.

Losacco disse que o partido consultou o Tribunal Regional Eleitoral antes de realizar as prévias e que ficou claro que eleições prévias não são regidas por legislação eleitoral da mesma forma que os pleitos regulares. “O juiz deixou claro que a questão de prévia não existe na legislação eleitoral”, declarou

“Estamos seguindo exatamente o que o partido regulamentou. O transporte foi autorizado por escrito e muito claro na palavra transporte aos militantes”, reforçou Semeghini.

Silvio Torres destacou que as equipes dos três pré-candidatos se reuniram antes da votação e estabeleceram, por meio de “acordo verbal”, que estratégias de propaganda seriam permitidas mesmo no dia da prévia. “Houve o acordo verbal que permitiu o transporte e a boca de urna e um parecer por escrito da direção jurídica que permitiu o suuso de cavaletes. Acho que não há nenhum perigo desse processo caminhar por esse rumo”, disse o deputado.

Doria disse que não houve infração à lei Cidade Limpa – argumentação que não foi feita pelas demais lideranças tucanas que estavam ao seu lado. A Prefeitura de São Paulo afirmou ter recebido denúncias e que vai investigar se o uso de cavaletes não desrespeitou a legislação que veda esse tipo de propaganda em vias públicas. Doria respondeu com crítica à gestão do petista Fernando Haddad. “Não houve nenhuma infração. Os cavaletes foram colocados a uma distância de 50 a 60 m de cada local de votação e foram retirados. Cidade limpa é o que deveria fazer a cidade de São Paulo. A cidade está imunda, suja e descuidada”, retrucou.

Lição de casa

Único dos pré-candidatos a ainda aguardar na Câmara Municipal o resultado da apuração da prévia, Doria se mostra confiante. Ele destacou ter feito uma campanha “limpa e propositiva”, visitando diretórios e falando com filiados. “Isso deu certo, o que surpreende os adversários é que fizemos a lição de casa bem feita e deu resultao. O resultado vocês vão ver daqui a pouco. Estamos muito próximos de uma vitória”, afirmou.

Centenas de militantes vieram à Câmara de Vereadores para acompanhar a apuração. O resultado era prometido pelo PSDB municipal às 18h. Com as confusões e disputas entre equipes de Doria e de Matarazzo e Trípoli, no entanto, os votos estão sendo contados na prática de forma manual. O material recolhido em pendrives é avaliado voto a voto, com rechecagem de assinaturas de comparecimento em cada diretório zonal. Perto da meia-noite ainda não havia qualquer sinalização de resultado oficial.

Confusão no Tatuapé

Doria afirmou que ele e sua equipe vão trabalhar para que os votos do diretório do Tatuapé não sejam descartados, como comunicou o presidente do diretório municipal Mario Covas Neto, o Zuzinha.

“Não faz o menor sentido descartar votos que efetivametne foram dados, porque se não você dá razão aos criminosos”, disse Doria

No Tatuapé houve confusão, pancadaria, e a urna foi destruída. Zuzinha havia dito, mais cedo, que não houve voto impresso de conferência no Tatuapé e que a mídia digital tinha sido destruída. “Não foi”, afirmou Doria. “Foram salvos os votos até aquele momento. Talvez no momento que o Zuzinha fez essa afirmação ele não tivesse a informação completa por parte dos técnicos. Esses vatos, não sei para quem são, mas vamos defender que sejam válidos.”

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