Principais partidos iemenitas veem golpe dos houthis como ilegítimo
Sana, 7 fev (EFE).- Os dois principais partidos políticos do Iêmen qualificaram neste sábado de “ilegítima e unilateral” a emenda constitucional anunciada ontem pelo movimento xiita iemenita dos houthis, que tomou o poder do país.
O antigo partido governante do Congresso Popular Geral (CPG), liderado pelo ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, disse em comunicado que “a emenda constitucional representa uma agressão à legitimidade da atual Constituição”.
A formação política divulgou a nota após uma reunião de seu Comitê Executivo, que foi presidida por Saleh, que era considerado aliado dos houthis nestes últimos meses.
“O anúncio dos houthis foi uma surpresa para nós, após todo o esforço desdobrado para conseguir o consenso”, indicou o CPG.
Além disso, o CPG considerou que este anúncio infringe a iniciativa dos países do Golfo Pérsico que fez com que, após uma revolução, que Saleh entregasse a presidência em 2012 a seu então vice-presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, que renunciou em 22 de janeiro.
Por fim, pediu às demais forças políticas que retomem o diálogo “para evitar uma maior deterioração da situação política, econômica e de segurança”.
Por sua vez, o principal rival do CPG e dos houthis, o Partido da Reforma Islâmica (PRI), braço político da Irmandade Muçulmana iemenitas, também expressou sua rejeição à emenda constitucional.
“Manifestamos nossa rejeição a esta passagem unilateral e o que resultará dela. Não há outra solução do que cancelar todas as medidas individuais e o retorno ao diálogo”, indicou o partido.
O emenda constitucional, que entrou em vigor ontem, estipula a formação de um Conselho Nacional Provisório, em substituição do parlamento.
Este órgão será o encarregado de estabelecer um Conselho Presidencial, de cinco membros, que designará por sua vez um governo interino de tecnocratas, ambos supeditados à chefia dos houthis.
O mandato do Conselho Presidencial e do governo interino terá uma duração de dois anos, tempo no qual terão que ser convocadas eleições presidenciais e parlamentares.
O líder do movimento rebelde iemenita dos houthis, Abdul Malik al Houthi, assegurou hoje que essas medidas são “históricas e revolucionárias” e pretendem “encher o vazio de poder” deixado pela renúncia de Hadi.
Os houthis, que já pegaram em armas contra as autoridades em 2004 e 2010 e que iniciaram sua expansão militar por todo o país o setembro, controlam sete províncias, incluída “Sana”. EFE
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