“Probabilidade de preservar o grau de investimento caiu para próximo de zero”, diz ex-ministro da Fazenda

  • Por Jovem Pan
  • 01/09/2015 10h04
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SÃO PAULO, SP, 25.08.2014: ANTÔNIO-ERMÍRIO - Maílson da Nóbrega - O empresário e presidente de honra do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, 86, morreu de insuficiência cardíaca, em casa, em São Paulo, na noite de domingo (24). Ele deixa a mulher com quem teve nove filhos. O velório de Moraes começa a partir das 9h desta segunda-feira no salão nobre do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. O sepultamento será às 16h no cemitério do Morumbi, zona oeste de São Paulo. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress) Zanone Fraissat/Folhapress Ex-ministro da Fazenda

Nesta segunda-feira (31), o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, acompanhado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, entregou ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) o projeto do Orçamento de 2016. O texto prevê um déficit de R$ 30,5 bilhões, o que representa cerca de 0,5% do PIB.

Os números apontam cada vez mais para um rebaixamento do Brasil junto com a perda do grau de investimento, o que preocupa o Planalto. No entanto, em entrevista ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, nesta terça-feira (1º) o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega afirmou que o risco de rebaixamento deve ser uma surpresa para o próximo ano. “Acho que está mais para o próximo ano. Mas o que é fato é que a probabilidade do Brasil preservar o grau de investimento caiu para as proximidades de zero”.

Segundo o ex-ministro, as perspectivas de que não haja superávit no ano que vem esgotam as chances do Brasil de livrar-se da “desclassificação da nota de crédito”. Para ele, “o Governo confessou a sua incapacidade de gerar o mínimo de superávit primário, adotou a postura ingênua destituída do mínimo de realidade, que é imaginar que colocando o problema para o Congresso, este vai encontrar uma saída”.

“Estes anos todos de má gestão econômica, de verdadeiro desastre na condução das contas do setor público pelo Ministério da Fazenda e pelo Tesouro Nacional nas administrações anteriores até 2014 contratou um desempenho medíocre para o Brasil nos próximos anos. Dificilmente o Brasil voltará a crescer 3% ou 4% antes, ao meu ver, dos próximos 4 ou 5 anos”, declarou.

Questionado sobre uma frustração em torno da imagem de Joaquim Levy, uma vez que as apostas de um ajuste fiscal serem feitas rapidamente não foram concretizadas, Maílson da Nóbrega ressaltou as “visões distorcidas” sobre o Ministério da Fazenda. “No mercado financeiro costumam ter duas visões distorcidas do Ministério da Fazenda. O primeiro de que ele tem o poder de fazer tudo o que todo mundo acha que deve ser feito, portanto uma visão autoritária de que o ministro tem uma tesoura e ele corta independente de Congresso, pressões de grupos, manifestações de interesse. A segunda é a maneira como atua o ministro da Fazenda”, explicou.

Para Maílson, a visão de que o Ministério da Fazenda “acabou” e estaria sendo “suplantado” pelo Ministério do Planejamento, não é real.

“Essas visões de que o Ministério da Fazenda acabou eu me recuso a acreditar inteiramente, até porque não me entra na cabeça que Joaquim Levy seja um palhaço, isto é, fique lá só porque quer ficar. Se ele está lá tem duas coisas. Primeiro porque ele mantém a sua visão de que ele pode contribuir para o Brasil neste momento tão grave e segundo porque ele ainda nao chegou ao seu limite e ainda vê espaço de manobra para o exercício desta missão que ele se auto-impôs. Então, se ele perceber que essas condições lhe fogem dos pés, acho que ele vai ser o primeiro a pedir o boné”, disse.

O ex-ministro ressaltou ainda que há um exagero na avaliação do trabalho do ministro da Fazenda. “O seu papel não é o de fazer o Brasil voltar a crescer (…) O papel de Joaquim Levy é evitar a perda do grau de investimento e prevenir a hipótese de o Brasil cair no despenhadeiro. O resto não depende dele”, finalizou.

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