Problemas comerciais no Mercosul aumentam pressão por novos acordos

  • Por Agencia EFE
  • 14/12/2014 14h30
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Natalia Kidd.

Buenos Aires, 14 dez (EFE).- Os problemas de balança comercial dos países do Mercosul aumentam a pressão para que o bloco, que na próxima quarta-feira realizará sua cúpula semestral na Argentina, desempoeire as dilatadas negociações com a União Europeia e busque novas alternativas comerciais, como a Rússia.

A união integrada por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela não sela um acordo comercial “de peso” com terceiros países ou blocos há anos.

Seus últimos convênios comerciais foram assinados no ano passado com Suriname e Guiana, as menores nações da América do Sul, e anteriormente, em 2010, rubricou pactos de preferências comerciais com Palestina e Egito.

A grande negociação em agenda, a iniciada em 1999 com a União Europeia (UE) para criar uma área de livre-comércio, esteve por anos congelada, à espera de uma resolução da Rodada de Doha no âmbito da Organização Mundial do Comércio, e abalada por posições inflexíveis de ambos lados do Atlântico em defesa dos próprios interesses.

Mas agora os sul-americanos parecem realmente dispostos a retomar as conversas com os europeus.

No último mês de novembro, negociadores de ambas regiões realizaram uma videoconferência na qual os sul-americanos deixaram claro que já têm pronta sua oferta “ambiciosa e equilibrada” de bens, serviços, investimentos e compras governamentais e pediram o estabelecimento de uma data para a troca das propostas.

No entanto, os europeus responderam que ainda não finalizaram o processo de consultas internas, motivo pelo qual ainda não contam com uma oferta para esses âmbitos.

Por trás do renovado interesse dos sul-americanos de acelerar as negociações estão os problemas de balança comercial dos membros do Mercosul, especialmente do Brasil, que acumulou entre janeiro e novembro de 2014 um déficit comercial de US$ 4,221 bilhões, valor 15 vezes superior ao saldo negativo registrado no mesmo período de 2013.

A Argentina, que neste semestre exerce a presidência temporária do bloco, ainda conserva o saldo positivo em sua balança comercial, US$ 6,151 bilhões nos primeiros dez meses do ano, mas este superávit caiu 14,5% em relação ao mesmo período do ano passado e vai se liquidificando.

Sem um acordo com a União Europeia à vista no curto prazo, o Mercosul, que no próximo semestre estará comandado pelo Brasil, procura alternativas, como a União Aduaneira Euroasiática (UAE), formada por Rússia, Belarus e Cazaquistão, com cujos representantes abriram um diálogo, também em novembro, para assinar um memorando de cooperação em matéria economia e comercial.

Além disso, neste semestre o Mercosul iniciou conversas com a Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México) visando a uma maior integração comercial, e entabulou negociações para carimbar acordos de preferências tarifárias com Tunísia e Líbano.

Tudo leva a crer que a presidente Dilma Rousseff, que nesta quarta-feira assumirá sua segunda presidência no Mercosul, tentará levar adiante a negociação com a UE e as conversas com outros países, como Coreia do Sul e Paquistão, apressada pelas próprias demandas domésticas que lhe exigem dinamizar o comércio exterior brasileiro.

Se as vozes dos poderosos industriais brasileiros já não fossem suficientes para promover um esforço diplomático na agenda exterior do maior bloco sul-americano, a elas promete somar-se o presidente eleito do Uruguai, Tabaré Vázquez, que em seu primeiro governo (2005-2010) muitas vezes se mostrou crítico perante a estagnação do bloco.

Seu futuro ministro da Economia, Danilo Astori, se mostrou a favor de um “regionalismo aberto” e antecipou que insistirá que o Mercosul flexibilize as regras que atualmente impedem os membros de negociar acordos com terceiros países em forma individual e não como parte de um bloco, uma possibilidade que dificilmente Argentina e Brasil estarão dispostos a convalidar. EFE

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