Procurador da Mauritânia pede pena de morte para jovem por insultar Maomé
Nouakchott, 24 dez (EFE).- O procurador de Nouadhibou, no noroeste da Mauritânia, pediu nesta quarta-feira a pena de morte por fuzilamento para um jovem mauritano que publicou no último mês de janeiro um artigo no qual criticava o profeta Maomé, informaram à Agência Efe fontes ligadas ao processo.
“O Código Penal mauritano estipula a pena de morte contra todo muçulmano (…) que zombe de Alá, de seus anjos, seus livros ou seus profetas”, ressaltou o procurador em suas alegações, que duraram mais de uma hora, segundo explicaram as fontes.
O procurador desta cidade situada a 470 quilômetros ao norte da capital Nouakchott repetiu alguns fragmentos do artigo publicado em meios de comunicação locais, assim como as posições do autor, Mohammed Cheikh Ould Mjaitir, de 28 anos de idade, em seu perfil no Facebook.
Por sua parte, Mjaitir defendeu sua inocência e negou a intenção de insultar o profeta, algo que para ele era “impensável”.
O jovem, funcionário na filial de uma companhia mineradora, foi detido em janeiro após uma denúncia da Associação de Imames da Mesquita de Nouadhibou.
Mjaitir pertence aos Lemaalmine (ferreiros), um grupo tradicionalmente estigmatizado na sociedade mauritana e considerado como inferior.
Em seu polêmico artigo, o jovem escreveu que “a injustiça praticada hoje em dia contra seu grupo já foi também exercida anteriormente pelo próprio profeta Maomé durante sua vida”.
O artigo causou muitas manifestações populares nas grandes cidades do país e várias organizações da sociedade civil distribuíram então comunicados exigindo a execução de seu autor.
Há algum tempo, as associações dos ferreiros mauritanos denunciam a “injustiça” à qual dizem ser submetidos e reivindicam uma cota de nomeações nas funções do Estado, além da pasta de Cultura que obteve uma mulher pertencente a esta casta, algo inédito na história da Mauritânia. EFE
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