Procuradora diz que provas garantem condenação do presidente da Guatemala

  • Por Agencia EFE
  • 03/09/2015 01h20
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Cidade da Guatemala, 2 set (EFE).- A procuradora-geral da Guatemala, Thelma Aldana, garantiu nesta quarta-feira que o presidente do país, Otto Pérez Molina, será condenado por seu envolvimento em um grande escândalo de corrupção, mas não quis determinar um prazo para que a Justiça o declare como culpado.

“A sentença será condenatória, mas não se sabe quanto tempo levaremos para chegar a ela”, disse a procuradora em referência ao presidente, que teve sua imunidade retirada ontem pelo Congresso.

Thelma reiterou que existem elementos suficientes que provam o vínculo do líder com a estrutura de corrupção instalada no órgão de arrecadação de impostos, batizada pelas autoridades de “La Línea”.

A procuradora afirmou, além disso, que as evidências obtidas ao longo das investigações, com quase 90 mil escutas telefônicas e milhares de documentos confiscados, sustentam a acusação.

A retirada da imunidade do presidente aprovada ontem pelo Congresso dá ao Ministério Público (MP) “liberdade absoluta” para dar sequência às investigações contra Pérez Molina, disse Thelma.

O general reformado perdeu seus privilégios após o voto unânime dos 132 deputados presentes na sessão extraordinária convocada pelo Congresso, depois que o MP e a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cigic) terem o denunciado por corrupção no último dia 21 de agosto.

De acordo com as investigações que levaram mais de 18 meses, Pérez Molina comandava a rede clandestina dentro da Superintendência de Administração Tributária (SAT), com participação de outras 28 pessoas, incluindo a ex-vice-presidente Roxana Baldetti, presa também no dia 21 de agosto.

O presidente se colocou à disposição do juiz responsável pelo caso, por meio do advogado César Calerón, para tentar evitar o “espetáculo” que seria promovido caso fosse detido. O jurista tentou blindar Pérez Molina e, para mostrar a boa vontade do acusado, entregou um recurso ao magistrado Miguel Ángel Gálvez.

Pérez Molina, que tomou posse em 14 de janeiro de 2012, se manteve fechado na Casa Presidencial nesta quarta-feira. A última aparição pública ocorreu na segunda-feira. Nos dois dias seguintes ele repetiu, sempre através de seu porta-voz, Jorge Ortega, que não renunciará ao cargo, pelo menos por enquanto.

A rede de corrupção supostamente liderada por Pérez Molina na SAT permitiu a entrada de cerca de 1.400 contêineres no país de forma ilegal, cobrando impostos de empresários importadores sem repassar o dinheiro para os cofres públicos.

As declarações da promotora, que estava acompanhada do comissário da Cicig, o advogado colombiano Ivan Velásquez, ocorreram em um hotel do sul da capital, após um evento organizado pela Câmara Oficial Espanhola de Comércio.

Thelma e Velásquez iniciaram uma batalha contra a corrupção dentro do país no último dia 16 de abril, quando prenderam os comandantes da “La Línea” e apreenderam os documentos que supostamente incriminam Pérez Molina.

Desde abril, os dois órgãos revelaram 13 casos de corrupção nos três poderes do Estado, incluindo como suspeitos mais de 12 funcionários do alto escalão do governo, além de oito deputados e três juízes, que fazem parte de uma lista de quase 70 pessoas presas. EFE

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