Procuradoria egípcia acusa policial da morte da ativista Al Sabag
Cairo, 17 mar (EFE).- O procurador-geral do Egito, Hisham Barakat, ordenou nesta terça-feira o comparecimento perante o Tribunal Penal do Cairo de um oficial da Polícia Antidistúrbios, após acusá-lo da morte da ativista de esquerda Shaima al Sabag, informou a agência oficial egípcia de notícias “Mena”.
As investigações revelaram que o falecimento da ativista aconteceu por um ferimento provocado por balas de chumbo disparados contra ela e outros manifestantes por parte de um oficial antidistúrbios.
A procuradoria acusou o oficial de agressão com resultado de morte e de causar voluntariamente ferimentos ao resto das vítimas, acrescentou a agência.
Segundo os relatórios da investigação, dirigentes e membros do partido Aliança Popular Socialista, do qual fazia parte Al Sabag, organizaram uma manifestação sem notificação prévia -o que infringe a lei-, participaram dela e alteraram a ordem e a segurança públicas.
Por esta razão, a procuradoria também ordenou o comparecimento perante a justiça de vários dirigentes e membros desse partido por infringir a lei de protestos aprovada no final de 2013, acrescentou a agência, que não precisou quantos integrantes da formação deverão prestar depoimento.
O fato aconteceu em 24 de janeiro, quando Al Sabag pretendia junto a outros companheiros colocar uma coroa de flores na praça Tahrir em homenagem às vítimas da revolução contra o ditador Hosni Mubarak, que explodiu em 25 de janeiro de 2011, mas as forças de segurança os dispersaram pela força.
Vários dias depois da morte da ativista, o Ministério do Interior convocou à imprensa internacional residente no Egito para criticar o que eles consideraram uma cobertura parcial sobre os fatos e para negar a responsabilidade da polícia.
Representantes do Ministério disseram então que nenhum oficial das forças de segurança podia ser o autor dos disparos porque a arma identificada pelo relatório legista não corresponde com nenhuma utilizada pela polícia egípcia.
Por sua vez, o ministro egípcio de Interior, Mohammed Ibrahim, corroborou esta versão e criticou a tendência de acusar sempre as autoridades egípcias sem contar com provas.
Fontes de Interior disseram hoje à Agência Efe que não comentam as acusações do procurador e que esta contradição, que consideraram normal, será esclarecida no julgamento.
A morte de Al Sabag, de 33 anos, causou uma grande polêmica no país e vários partidos de tendência esquerdista ameaçaram boicotar as eleições parlamentares, adiadas recentemente, em protesto por sua morte.
Uma fotografia publicada nos meios de comunicação, na qual a jovem aparece momentos antes de sua morte, salpicada de sangue, com o olhar perdido e abraçada por um homem de joelhos, se transformou em um novo símbolo para aqueles que rejeitam às autoridades surgidas após o golpe de Estado de 3 de julho de 2013.
As autoridades seguem reprimindo os islamitas e os jovens ativistas desde que em julho de 2013 o Exército depôs o presidente Mohammed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana, grupo que no final desse ano foi declarado terrorista. EFE
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