Procuradoria venezuelana calcula em 39 as mortes nos protestos contra Maduro
Caracas, 4 abr (EFE).- A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, cifrou nesta quarta-feira em 39 as mortes registradas nos protestos contra o governo de Nicolás Maduro desde 12 de fevereiro, dois a mais desde o último número oficial proporcionada na semana passada.
“Temos 39 mortos em atos violentos (…) 31 são civis e oito funcionários policiais e militares”, anunciou Ortega em entrevista coletiva na sede do Ministério Público.
Além disso, revelou que o número de feridos aumentou em 49, para chegar a 608, dos quais 414 são civis e 194 são funcionários.
Ortega indicou que seu escritório se encontra investigando 102 casos por suposta violação dos direitos humanos, dos quais 95 casos são por tratamento cruel, três por homicídio consumado, dois por tortura e dois mais por homicídio frustrado.
Enquanto o número de pessoas que foram apresentadas aos tribunais de controle, disse que o número é de 2.285, das quais 904 “dizem ser estudantes”.
“Há 192 pessoas privadas de liberdade, das quais 17 são funcionários policiais e militares”, apontou a respeito.
A Venezuela está imersa em uma onda de manifestações contra o governo há quase dois meses, muitas delas lideradas por estudantes e parte da oposição e que em alguns casos derivaram em atos de violência dos quais estes se deslindaram.
Uma dessas situações ocorreu na quinta-feira nas imediações da Universidade Central da Venezuela (UCV) em Caracas, onde estudantes convocaram uma marcha até a sede da vice-presidência Econômica.
Um cordão policial impediu que a passeata acontecesse, o que derivou em enfrentamentos com as forças de segurança, nos quais várias pessoas ficaram feridas.
Ortega disse que já foram escalados dois promotores para investigar os fatos, que “já praticaram um conjunto de diligências (…) para o esclarecimento” do sucedido.
“Já estamos trabalhando, dando resposta imediata”, afirmou.
A promotora afirmou, além disso, que, de 26 investigações, em cinco se chegou ao sobrestamento do caso, enquanto nas 21 restantes se chegou a uma acusação formal.
Uma dessas é a do líder opositor Leopoldo López, precisou Ortega, cujo escritório tinha como prazo até amanhã para apresentar os cargos contra o dirigente.
“Em Caracas se acusou ao cidadão Leopoldo López Mendoza, economista, pelos delitos de instigação pública, danos à propriedade em grau de determinador, incêndio em grau de determinador e formação de quadrilha”, anunciou.
López se entregou em 18 de fevereiro às autoridades em um ato grande, após ser responsabilizado pelo presidente Maduro dos enfrentamentos que houve ao término de uma marcha pacífica que em 12 de fevereiro acabou com três mortos.
O governo convocou um diálogo de paz e pediu à União de Nações Sul-Americanas (Unasul) que enviasse uma missão ao país para que contribuísse para a solução da crise que o país vive desde então.
A missão de chanceleres da Unasul visitou na semana passada Venezuela e emitiu uma série de recomendações às partes, e deve voltar na próxima segunda-feira para continuar suas gestões a favor do diálogo, que poderia contar com a mediação do Vaticano. EFE
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