Produtores de soja temem prejuízos devido ao atraso no plantio da safra

  • Por Agencia EFE
  • 04/11/2014 17h39

Cleyton Vilarino.

São Paulo, 4 nov (EFE).- A seca atrasou o plantio da safra 2014-2015 de soja no Brasil para o final de outubro e a mudança na programação tem causado apreensão entre os produtores, que temem que a concentração de grande parte da colheita no último trimestre deste ano aumente o risco de perdas no setor.

“O principal problema é que, quando se concentra muito o plantio, se concentra o desenvolvimento e o período de colheita. Qualquer intempérie no desenvolvimento ou na colheita vai pegar praticamente toda a safra, aumentando o risco para o produtor”, explicou o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk.

Presente no seminário Soja Plus 2014, em São Paulo, onde se reuniram os presidentes regionais da Aprosoja de quatro dos sete maiores estados produtores do grão, Tomczyk lembra que no caso de Mato Grosso, o período de cultivo do grão coincide com a época de maior incidência de ferrugem asiática, doença que causa a desfolha precoce das plantas.

“Como nesse ano (o plantio de) muita soja ficou deslocado para o fim ideal da janela, haverá um potencial maior também de dano causado pela ferrugem asiática”, explicou Tomczyk.

No Mato Grosso do Sul (MS), a seca e o atraso do plantio do grão afetam também a produção do milho “safrinha”.

“O que vai impactar e já impactou é no nosso plantio de milho de 2015, que ficou prejudicado com o atraso porque depende totalmente da luminosidade e da condição climática de abril”, destacou o presidente da Aprosoja-MS, Maurício Saito.

Caso as chuvas se mantenham até o final de março, explica Saito, o setor não terá problemas com a colheita nem com a produção do grão, que ainda é considerada dentro dos padrões pela Aprosoja.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato), Claudionor Nunes, ressalta que os problemas no plantio têm se repetido ano após ano por causa do prolongamento do período de estiagem.

“Acontece que, nos últimos anos, estamos tendo picos de chuvas em janeiro e mais alguns só em fevereiro. Esse ano a chuva atrasou um pouco e chegou à conta-gotas”, ressaltou Nunes.

“Se acontecer de termos chuva em janeiro, fevereiro e março não tem nenhum problema. Se ela for interrompida de novo, como aconteceu no ano passado, com certeza teremos perdas”.

Já para o presidente do conselho da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Manoel Pereira, mesmo no cenário mais otimista, o setor ainda deve se preocupar.

Isso porque a produção concentrada deve sobrecarregar o sistema de escoamento de grãos no país, que passou por uma crise no final de 2013, quando filas quilométricas de caminhões foram registradas nas entradas dos principais portos.

“Os problemas dos portos continuam os mesmos. Por mais que o porto de Santos tenha aliviado a questão com programação antecipada, esse vai ser um grande problema”, afirmou Pereira.

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