Professores e alunos protestam contra islamização da educação na Turquia

  • Por Agencia EFE
  • 13/02/2015 16h12
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Ancara, 13 fev (EFE).- Professores e alunos do ensino primário e médio boicotaram nesta sexta-feira as aulas em protesto contra o que consideram uma islamização do sistema educacional, que desejam que seja secular e científico.

O protesto, convocado pelo Movimento Junho Unido, uma ampla aliança de grupos e partidos esquerdistas, associações de alevitas (uma seita derivada do xiismo) e o sindicato de ensino Egitim-Sen, se dirige em primeiro lugar contra as aulas de religião obrigatórias nas quais, segundo eles, ensinam um Islã sunita.

“Esta é a ação mais bem-sucedida dos últimos anos. Pela primeira vez, alunos e professores estiveram juntos. Em todo o país, em todas e cada uma das 81 províncias” da Turquia, disse à Agência Efe o presidente do sindicato Egitim-Sen, Kamuran Karaca.

Os turcos alevitas, os cidadãos de outras crenças e os laicos são contrários a essas aulas, que vêem como parte de um plano do governante Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) para formar uma geração islâmica a fim de fazer as crianças assimilarem a corrente sunita, majoritária na Turquia.

Além dos membros dos grupos citados anteriormente, vários professores, assim como estudantes e pais dos mesmos, se congregaram diante das escolas e em várias cidades, como Istambul, Ancara, Izmir e Edirne, entre outras, também fizeram manifestações de protesto, que terminaram com a intervenção da polícia, praticando várias detenções.

Karaca se queixou da falta de reação por parte do governo a uma decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que determinou há dois meses a supressão das aulas obrigatórias de religião.

“Pelo contrário, em dezembro foi tomada a decisão de dar vários passos a mais para ampliar a educação religiosa nas escolas. Há dois meses, foi promulgado um decreto para que em todos os colégios seja aberta uma mesquita”, explicou o líder sindical.

Por sua vez, Muslum Dogan, presidente da associação alevita PSADK, defendeu o boicote como um direito democrático.

“Se o governo continuar impondo medidas de assimilação, como as aulas de religião, nós continuaremos com nossos protestos”, advertiu Dogan. EFE

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