Professores públicos da Colômbia continuam medindo forças com o governo

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 15h24

Bogotá, 4 mai (EFE).- As negociações entre o governo da Colômbia e o sindicato de professores da educação pública para pôr fim a uma greve que deixa sem aulas cerca de nove milhões de alunos desde 22 de abril ficaram “suspensas temporariamente” nesta segunda-feira perante a impossibilidade de chegar a acordos.

A Federação Nacional de Educadores (Fecode), que aglutina cerca de 300.000 docentes de primário e ensino médio, acusou o governo de “falta de vontade” para encontrar uma solução, ao anunciar a suspensão temporária das negociações e a manutenção da greve nacional indefinida.

O sindicato não deu datas para o reatamento das negociações, iniciadas na quinta-feira passada com a mediação da Defensoria Pública, e pediu ao presidente Juan Manuel Santos que se ponha à frente dos negociadores do governo.

Santos, por sua parte, reivindicou aos professores que não deixem seus alunos nem um dia mais sem aula.

Os grevistas reivindicam um aumento salarial, um serviço de saúde adequado e a eliminação de um exame que avalia a qualidade dos educadores, porque argumentam que essa prova é utilizada para frear as possibilidades de ascensão profissional.

O sindicato de professores, que tinha pedido inicialmente um aumento salarial de 28%, rebaixou suas pretensões a 16%, mas o governo oferece 12%, que a Fecode considera insuficiente.

“Estas propostas permitem melhorar os salários de nossos professores sem ser irresponsáveis com nossa economia. A proposta de um aumento de 12% significa um aumento três vezes superior ao que receberia qualquer outro trabalhador colombiano”, declarou hoje o presidente Santos ao término de um conselho de ministros.

A Fecode, por sua parte, disse em comunicado que a proposta do governo só assegura um aumento de 10%, pois “o resto está condicionado a fatores externos” que não detalhou.

Santos afirmou que o aumento salarial oferecido aos professores equivale à totalidade do orçamento do Ministério da Habitação e que seu governo está fazendo “um grande esforço”, porque está comprometido com uma melhor educação, que é junto com a paz e a igualdade um dos pilares de seu segundo mandato.

Além da questão salarial, outro obstáculo da negociação está na prova de qualidade à qual têm que submeter-se os professores e que o presidente disse que seu governo não está de acordo em “desmontar”, como pede o sindicato.

“Estas avaliações são fundamentais para assegurar a qualidade da educação de nossas crianças, é uma ferramenta para que os professores sejam cada vez melhores. Aqui não podemos retroceder”, afirmou o chefe de Estado.

Santos garantiu que seu governo “sempre manteve a vontade de diálogo” e demonstrou isso nas conversas, motivo pelo qual pediu “aos senhores da Fecode que, por favor, permitam que as crianças retornem às aulas, que não percam nem mais um dia”.

A Fecode, no entanto, não parece disposta a dar o braço a torcer e no comunicado de hoje pediu que seja o próprio Santos que lidere a negociação, tarefa que até agora esteve nas mãos da ministra da Educação, Gina Parody, e de seus colegas do Trabalho, Luis Eduardo Garzón, e da Fazenda, Mauricio Cárdenas.

O sindicato, que disse manter sua disposição ao diálogo, acrescentou que espera que Santos “assuma a direção da comissão negociadora e apresente soluções concretas aos justos pedidos do magistério”.

Para os dirigentes da Fecode, “a comissão governamental expôs uma série de limitações na hora da negociação”, e, por isso, deve ser o próprio chefe de Estado “quem dê instruções claras sobre o caminho a seguir”.

A esta altura da greve o sindicato propôs uma queda de braço com a ministra Parody e anunciou que amanhã, terça-feira, entregará à presidência da República mais de um milhão de um assinaturas que respaldam um pedido a Santos para “que designe no Ministério da Educação uma pessoa que enfrente a atual crise”.

Além disso, a Fecode anunciou outras medidas de pressão, como uma “tomada de Bogotá” com 50.000 docentes a partir da próxima quarta-feira, com a firme intenção de permanecer três dias na cidade, em um protesto que será reforçado com passeatas de professores de todo o país rumo à capital na próxima semana. EFE

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