Projeção para inflação 2016 cai para 7,27% após 6 semanas estável, segundo Focus

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/07/2016 10h00
Prédio do Banco Central em Brasília. 09/12/2015. REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino Prédio do Banco Central em Brasília - Reuters

Depois que o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, enfatizou, em sua primeira entrevista, que buscará o centro da meta de inflação, em 2017, de 4,5%, a mediana das estimativas no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira (4), pelo BC, cederam após seis semanas seguidas de estabilidade. De acordo com o documento, a taxa para o ano que vem oscilou de 5,50% para 5,43%. Também para a inflação deste ano, a trajetória de alta das estimativas, que vinha sendo mantida por seis semanas, recuou no boletim, com a mediana passando de 7,29% para 7,27%.

A rigidez das previsões para o ano vinha trazendo inquietações dentro do Comitê de Política Monetária (Copom). Na ata do Copom e no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), os diretores da instituição enfatizaram que há um “choque temporário” dos preços dos alimentos. No RTI, o BC informou que projeta inflação de 4,7% para 2017 no cenário de referência e de 5,5% pelo de mercado. Já no caso de 2016, as estimativas são de, respectivamente, 6,9% e 7,00%. Para o IPCA acumulado em 12 meses até junho de 2018, a previsão é de 4,2%.

Também contribuiu para a queda o fato de, na quinta-feira passada (30), o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter decidido repetir, em 2018, a meta de inflação de 2017 de 4,5% com margens de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo. 

Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, as medianas das projeções para este ano recuaram de 7,29% para 7,18%. Para 2017 permaneceram em 5,30%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente, 7,09% e 5,50%.

Já a inflação suavizada 12 meses à frente, que tinha voltado a apresentar alta, agora caiu, passando de 5,98% para 5,90% de uma semana para outra, pois há um mês estava em 5,94%. As estimativas do mercado para os índices mensais também inverteram a tendência de alta da última semana: as de junho recuaram de 0,39% para 0,38% (quatro semanas antes estavam em 0,33%). Para julho, passou de 0,40% para 0,38%, um mês antes estava em 0,26%. 

Preços administrados

O Relatório de Mercado Focus trouxe uma queda nas projeções para os preços administrados de 2016 de 7,00% para 6,94%. Há um mês, a mediana das estimativas estava em 6,98%. Vilões da inflação de 2015, ao avançarem 18,07%, no caso de 2017, a mediana das expectativas continuou em 5,50%, onde já se encontra há oito semanas seguidas.

O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5% em 2016. Nos últimos tempos, o dólar mais baixo também tem mostrado que pode colaborar com esse movimento. 

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado pelo BC na semana passada, a taxa para os preços administrados em 2016 mudou de 6,1% do RTI de março para 6,7%. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, a estimativa era de 6,8%. Para 2017, a expectativa é de alta de 5,3% ante 5,0% do último RTI e da ata divulgada no mês passado.

Retração do PIB passa de 3,44 para 3,35%

O relatório também mostrou um pequeno alívio para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Pelo documento, a projeção passou de -3,44% para -3,35%, um mês atrás estava em -3,71%. Na semana passada, o BC informou, no Relatório Trimestral de Inflação, que a sua nova estimativa para o PIB deste ano é de um encolhimento de 3,3% ante baixa de 3,5% vista na edição anterior. 

Para 2017, a mediana das previsões do mercado ficou estacionada em +1,00% de um levantamento para o outro. Quatro semanas atrás, a pesquisa apontava alta de 0,85%.

Já a estimativa para a produção industrial deste ano saiu de queda de 5,89% para recuo de 5,90%, a mesma taxa de um mês atrás. Para 2017, no entanto, a previsão voltou a subir, passando de uma alta de 0,80% para uma elevação de 0,90%. Quatro semanas atrás estava em +1,00%.

Para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, em 2016, a mediana das previsões piorou mais uma vez, saindo de 43,70% para 43,90% de uma semana para outra. Um mês atrás, estava em 42,00%. No caso de 2017 no boletim Focus, as expectativas avançaram de 47,95% para 48,31% ante projeção apontada um mês atrás de 47,00%. 

Balança comercial em 2016

As projeções do mercado financeiro para a balança comercial voltaram a ganhar um gás esta semana. A estimativa de superávit para este ano passou de US$ 50,76 bilhões para US$ 51,05 bilhões, um mês atrás estava em US$ 50,00 bilhões. Pela mais recente estimativa do BC, o saldo positivo de 2016 também ficará em US$ 50 bilhões. Para 2017, as estimativas continuaram em US$ 50,00 bilhões de uma semana para a outra. Há um mês, a mediana já estava neste patamar.

No caso das previsões para a conta corrente, as previsões para 2016 continuam de um déficit de US$ 15,00 bilhões, tal qual na edição anterior. Um mês atrás, estava em US$ 15,40 bilhões. O montante de US$ 15 bilhões de déficit também foi a nova previsão do BC, que ,até três meses atrás, contava com um rombo de US$ 25 bilhões. Já para 2017, a perspectiva do mercado financeiro de déficit de US$ 12,00 bilhões foi substituída por um rombo de US$ 12,60 bilhões de uma semana para outra. Quatro semanas atrás, a perspectiva era de déficit de US$ 13,70 bilhões. 

Para esses analistas consultados semanalmente pelo Banco, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será bem mais do que suficiente para cobrir esse resultado deficitário nos dois anos. A mediana das previsões para esse indicador, em 2016, subiu de US$ 60,50 bilhões para US$ 64,00 bilhões, estava em US$ 60,00 bilhões um mês antes. Para 2017, a perspectiva de volume de entradas permaneceu em US$ 60,00 bilhões pela décima semana consecutiva. Nas revisões promovidas pelo BC, há cerca de 10 dias, a perspectiva é de ingresso de US$ 70 bilhões de IDP no País este ano, ante a expectativa anterior, que era de US$ 60 bilhões.

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