Projetos buscam recuperar criatividade infantil dentro de escolas dos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 30/11/2014 10h09
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Teresa Bouza.

San Francisco, 26 nov (EFE).- A melhor forma de aprender, disse Albert Einstein em carta enviada a seu filho em 1915, é aproveitar tanto o que está se fazendo para nem notar o tempo passar, um conselho que tem sido seguido por um crescente número de projetos para impulsionar a criatividade infantil nos Estados Unidos.

Iniciativas como “A hora do Gênio”, assim como o concurso para construir objetos com caixas de papelão realizado pela Imagination Foundation e o movimento dos “Makers”, convidam as crianças a explorar uma paixão muitas vezes sufocada pela rigidez do sistema escolar.

“Os estudos mostram que, em linhas gerais, a criatividade infantil diminuiu nos EUA nos últimos 20 anos”, explicou o documentarista e fundador da Imagination Foundation, Nirvan Mullick, em entrevista à Agência Efe.

Mullick afirmou que os motivos dessa queda não estão totalmente claros, mas ele acredita que a estrutura rígida das classes, usada em muitas escolas, e o corte de muitas atividades extras por causa de problemas orçamentários poderiam ser parte do problema.

“É um desafio para as crianças encontrar espaço e tempo para seguir suas paixões”, explicou Mullick.

O cineasta criou a fundação, cujo objetivo é fomentar a imaginação e a criatividade infantil no mundo, após gravar um documentário há dois anos sobre Caine Monroy, um menino de Los Angeles que criou uma galeria de jogos com caixas de papelão na loja oficina de seu pai.

“Fui comprar uma peça pro meu carro e me encontrei com essa criança, atrás de uma caixa de papelão. Acabei jogando com ele, tornando-me seu cliente. Resolvi fazer um documentário sobre ele porque seus jogos eram incríveis”, afirmou Mullick.

O filme se transformou em um fenômeno viral, o que levou o cineasta californiano a fundar a organização para encorajar as crianças de todo o mundo a soltar sua imaginação.

“Temos dois programas, um concurso global com caixas de papelão que culmina em um dia de jogo, e os capítulos da imaginação, que buscam estimular jogos criativos e que está presente já em 30 locais no mundo”, disse Mullick.

A “Hora do Gênio”, uma iniciativa para que os colégios deixem que as crianças destinem parte da jornada escolar para fazer o que gostam, procura também ajudá-los a descobrir suas paixões.

A ideia foi inspirada no programa do Google, que permite seus empregados a usar 20% de seu tempo em projetos próprios, que resultou em produtos como o Gmail ou o Google News.

“Aplicamos os mesmos princípios do mundo corporativo durante a hora do gênio”, explica o site do projeto (geniushour.com).

O professor determina uma quantidade de tempo para que os estudantes trabalhem em projetos individuais. Convida-os a explorarem uma ideia sobre algo que queiram aprender.

Os alunos, então, investigam o tema em questão por várias semanas antes de criar um projeto e compartilhá-lo com a classe.

A “Iniciativa de Educação de Criadores”, presente em 19 dos 50 estados dos EUA, quer transformar cada criança em um criador, ao ajudá-los a montar objetos com as mãos.

“Isso mostra que atravessamos por um período de transição, de mudanças, no qual estamos experimentando e voltando a imaginar a forma como as crianças aprendem”, disse Mullnick sobre o surgimento das várias iniciativas. EFE

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