Promotores argentinos apoiam procurador que manteve acusação contra Kirchner
Chefe do gabinete argentino
Chefe do gabinete argentinoOs colegas do promotor que pediu o indiciamento da presidente argentina, Cristina Kirchner, e de vários de seus colaboradores por acobertamento de terroristas saíram neste sábado em apoio ao procurador e criticaram a “hostilidade” do governo, que acusa o poder judiciário de golpismo.
Os promotores argentinos defenderam a decisão de Gerardo Pollicita, que nesta sexta-feira apresentou um requerimento de instrução ao juiz Daniel Rafecas sobre a denúncia apresentada pelo promotor Alberto Nisman, morto no último dia 18 de janeiro, quatro dias antes.
Nisman, promotor especial da ação que investiga o atentado contra a associação judaica Amia, que deixou 85 mortos em 1994, apontou Cristina como responsável máxima de um plano para acobertar os iranianos considerados os autores desse ato terrorista.
“Só posso dizer que o doutor (Gerardo) Pollicita é um grande profissional, com mais de 30 anos de experiência. E a opção processual que escolheu, em cumprimento de seu dever como promotor, e marca o início de um processo penal”, expressou o promotor Guillermo Marijuán, em entrevista publicada neste sábado pelo jornal “La Nación”.
“Espero que todas as hostilidades e agressões contra os promotores sejam somente fogo de palha”, afirmou por sua vez o promotor José María Campagnoli, em declarações ao canal “Todo Noticias”.
Também o promotor da Câmara Federal de Cassação Penal Raúl Plée criticou duramente o governo acusar juízes e promotores de “golpismo” e de manobras para desestabilizar o Executivo.
“Antes, por uma atividade investigativa, podia um juiz ou um promotor receber injúrias, operações midiáticas de descréditos. Mas depois, o que aconteceu é que o promotor (Nisman) esperava a morte, e teve”, disse Plée à rádio “Mitre”.
Pollicita acusa a presidente argentina e seus colaboradores de “acobertamento por favorecimento pessoal agravado e possível impedimento ou obstrução de justiça e descumprimento dos deveres de funcionário público”.
Na denúncia de Nisman, o memorando de entendimento assinado com o Irã em 2013 para esclarecer o atentado contra a Amia aparece como o principal instrumento de um suposto acordo para eliminar as circulares vermelhas emitidas pela Interpol contra os suspeitos iranianos em troca de a Argentina comprar petróleo do Irã.
O governo nega as acusações de Nisman e argumenta não há provas para sustentar o processo.
É esperado que Cristina Kirchner apareça hoje em público pela primeira vez após a acusação de Pollicita em um ato de inauguração de obras públicas na cidade do Calafate, no sul do país.
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