Proposta de “Grexit” temporário de Schäuble ressalta rigidez da postura alemã

  • Por Agencia EFE
  • 12/07/2015 09h47

Berlim, 12 jul (EFE).- O documento do Ministério das Finanças da Alemanha no qual rejeita a proposta grega para receber um terceiro pacote de resgate financeiro e cogita a possibilidade de um “Grexit” (saída da Grécia da zona do euro) temporário de cinco anos, ressalta a rigidez da postura alemã nas negociações e especialmente a do titular dessa pasta, Wolfgang Schäuble.

O documento foi revelado pelo jornal “Frankfurter Allgemeine”, primeiro em seu site e depois em sua edição impressa dominical, e agora circula por completo nas redes sociais.

Trata-se de uma só página, escrita em inglês, e começa ressaltando que a proposta grega se baseia nas recomendações que tinham sido feitas para um prolongamento do segundo programa, que Atenas não concluiu com sucesso.

“Falta à proposta considerar importantes áreas que devem ser reformadas para modernizar o país e para conseguir a longo prazo crescimento econômico e desenvolvimento sustentado”, diz o relatório.

“Sem isso, como reformas do mercado de trabalho, do setor público, privatizações, reformas do setor bancário e reformas estruturais, a proposta não é suficiente”, acrescenta o comunicado.

Por isso, as propostas gregas, segundo Berlim, não podem ser a base do novo programa de três anos, com auxílio do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), solicitado pela Grécia.

“Precisamos de uma solução melhor, sustentável, com o FMI a bordo”, diz o documento.

A presença do FMI nos programas do MEE não é um requisito formal, mas para a Alemanha, segundo fontes do Ministério das Finanças, é um requisito político indispensável.

“Agora, temos dois possíveis caminhos”, ressalta o documento. O primeiro, seria uma rápida melhora da proposta do governo grego “com o respaldo de seu parlamento”.

Parte chave das melhorias propostas por Berlim é a criação de um fundo fiduciário ao qual Atenas deveria transferir bens no valor de 50 bilhões de euros. Estes bens deveriam ser privatizados para reduzir a dívida grega.

O segundo caminho é o começo de negociações para uma saída temporária da Grécia do euro com possibilidade de uma reestruturação da dívida em um formato similar ao do Clube de Paris.

Segundo o documento, apenas esse caminho permitiria uma reestruturação da dívida, possibilidade que não está aberta aos membros da zona do euro devido ao artigo 125 do Tratado de Maastricht, que proíbe a mutualização da dívida.

O “Grexit” temporário estaria acompanhado de ajuda humanitária, apoios ao crescimento e assistência técnica durante os próximos anos, assim como por medidas para fortalecer os pilares da união econômica e monetária e a governabilidade da zona do euro.

O documento, segundo fontes do governo, é conhecido pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo vice-chanceler e ministro da Economia, Sigmar Gabriel. EFE

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