Proposta de resolução russa na ONU não agrada Ocidente e indigna ucranianos
Nações Unidas, 2 jun (EFE).- A minuta de resolução apresentada nesta segunda-feira pela Rússia na ONU para exigir um cessar-fogo na Ucrânia não recebeu o apoio do Ocidente e provocou a indignação dos ucranianos, que qualificaram o movimento de “cínico e imoral”.
A Rússia, que desde ontem ocupa a presidência mensal do Conselho de Segurança, convocou uma reunião de urgência do principal órgão de decisão das Nações Unidas para apresentar aos outros membros sua proposta para interromper a violência na Ucrânia.
O texto russo exige uma “interrupção imediata das hostilidades” no sudeste da Ucrânia, solicita que as partes se comprometam a um “cessar-fogo sustentável” e pede a abertura de “corredores humanitários” que permitam a saída dos civis que desejem abandonar as áreas de combate e a entrada de ajuda à população.
O embaixador da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, garantiu em declarações aos jornalistas que é necessário que o Conselho de Segurança atue o mais rápido possível para frear a deterioração da situação na Ucrânia pondo assim um fim à violência.
“É preciso fazer algo agora”, assinalou Churkin, que justificou que por isso a minuta proposta pela Rússia não tem tinturas políticas e se centra unicamente em questões humanitárias.
No entanto, o texto, que não foi submetido à votação, foi rejeitado pelas potências ocidentais, admitiu o próprio representante russo, que se referiu a elas como os “suspeitos frequentes”.
Os Estados Unidos consideraram hoje uma hipocrisia que a Rússia peça o fim da violência na Ucrânia quando ao mesmo tempo há forças irregulares e armas que entram no país a partir da Rússia sem que se faça nada para deter os separatistas pró-russos.
Já o embaixador francês, Gérard Araud, criticou no Twitter que a Rússia proponha uma resolução sobre a situação humanitária na Ucrânia e se oponha a uma sobre a Síria, “onde a situação é muito pior”.
O representante permanente da Ucrânia na ONU, Yuriy Sergeyev, considerou “cínico e imoral” o movimento da Rússia no Conselho de Segurança, quando continua a “ocupar” o território ucraniano e a apoiar os rebeldes do leste do país.
Sergeyev, que nem quis comentar o conteúdo da minuta, garantiu que o texto é “desnecessário”, pois já há outros como o pactuado nas conversas de Genebra que devem ser aplicados.
Perguntado pelos jornalistas se a Rússia pretende submeter o texto a votação em breve, Churkin disse que a Rússia ainda não decidiu o passo seguinte.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou hoje que durante o fim de semana teve uma conversa com o presidente eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko, a quem pediu que utilize meios pacíficos para reafirmar a soberania de Kiev sobre o território e a iniciar um diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin. EFE
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