Protesto em Quito e 35 prisões em Saraguro marcam 5º dia de greve no Equador

  • Por Agencia EFE
  • 17/08/2015 23h38

Quito, 17 ago (EFE).- Pelo menos 35 pessoas foram presas nesta segunda-feira na região de Saraguro, no sul dos Andes equatorianos, enquanto em Quito uma manifestação percorreu várias ruas da cidade, no quinto dia da greve nacional convocada por sindicatos, grupos indígenas e outras organizações contra o governo do presidente Rafael Correa.

A promotoria informou em sua conta no Twitter que as detenções ocorreram entre as cidades de Loja e Cuenca, em uma estrada que une o sul ao norte do país através da Cordilheira dos Andes.

Luis Macas, histórico líder de Saraguro e ex-presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), criticou o que chamou de “grande repressão” e denunciou uma suposta “emboscada da Polícia e das Forças Armadas” contra os manifestantes da região.

Macas afirmou à Agência Efe que as forças de segurança “trataram de revistar casas, agredir as pessoas” e que, por enquanto, foram registrados 20 feridos.

“É uma situação muito grave, um confronto jamais visto em Saraguro. Há uma verdadeira emboscada à comunidade. Levaram as pessoas à força, tanto homens como mulheres”, disse Macas, acrescentando que algumas pessoas sofreram “lesões consideráveis” e estão sendo atendidas em uma unidade de saúde de Loja.

O líder indígena garantiu que o protesto era pacífico. Os manifestantes bloquearam uma das principais vias da região, mas permitiram a passagem dos fiéis que pretendiam participar da romaria de Nossa Senhora do Quinche.

Macas ainda afirmou que há registros, ainda não confirmados, de que dois policiais teriam sido capturados pela população para tentar negociar uma espécie de troca entre presos.

Além disso, na tarde desta segunda-feira uma juíza em Quito negou a deportação da jornalista franco-brasileira Manuela Picq, presa na última quinta-feira durante as violentas manifestações realizadas no centro da capital equatoriana.

A Conaie atribuiu a decisão ao sucesso do “levantamento indígena e da greve nacional” convocada desde a semana passada. Manuela é companheira de Carlos Pérez, presidente de uma das filiais da confederação, e está sendo mantida em um hotel de Quito destinado a imigrantes em situação irregular.

A juíza Gloria Pinz decidiu negar o pedido de deportação da jornalista e ordenou o início de uma investigação contra os funcionários que propuseram a saída de Manuela do país, informou o jornal público equatoriano “El Telegrafo”.

Na última sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Equador decidiu revogar o visto de intercâmbio cultural concedido à jornalista, com validade até 26 de agosto, porque ela teria “realizado atos que perturbavam a paz e a ordem pública durante os protestos do dia 13 de agosto”, conforme o “El Telegrafo”.

Por outro lado e como resposta dos protestos da oposição, simpatizantes do movimento Aliança País se concentraram hoje na Praça da Independência, próximo ao palácio do governo, para mostrar apoio à gestão de Correa. EFE

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