Protótipo inteligente ajuda a personalizar tratamentos oncológicos

  • Por Agencia EFE
  • 21/05/2014 17h14
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Redação Central, 21 mai (EFE).- Com o desenvolvimento do projeto TradionP, na Espanha, já é possível traçar uma terapia multimodal (cirurgia, radioterapia e quimioterapia) de forma personalizada a pacientes com câncer, a partir de um novo padrão tecnológico de gestão integral do histórico da doença.

O projeto foi desenvolvido pela multinacional Indra em um consórcio espanhol com a companhia de biomedicina Althia e o laboratório Lorgen, que culminou no desenho de um protótipo de sistema especializado que, através de técnicas de inteligência artificial, facilita a identificação de doenças oncológicas e a seleção de terapias específicas para cada paciente.

O sistema é alimentado por uma base de dados retrospectivos – e aberta a outros -, com acesso restrito mediante senhas aos profissionais do sistema de saúde. Nela, são mantidas informações de cerca de 1.000 pacientes com câncer de mama, pulmão e colorretal (a metade tratada com terapias biológicas e a outra com quimioterapia) que integra parâmetros clínicos e morfológicos, história familiar, imagens radiológicas, biomarcadores e sequências genéticas.

O projeto também incorpora aplicações que permitem apresentar, transmitir e extrair informações (fenótipos individualizados e identificação de tumores), além de algoritmos para o desenho de tratamentos individualizados mediante a integração de dados de distinta natureza. Essa base de dados contém atualmente cerca de 700 mil marcadores a serem analisados, entre eles mais de 15 mil dados clínicos e de imagem, cerca de 400 mil de metilação (genes “bons” inativos) e mais de 200 mil de genotipado.

A principal novidade do TradionP é sua capacidade de agregar diferentes tipos de informações sobre diferentes pacientes e reconhecer padrões comuns para oferecer um prognóstico mais preciso e eficaz de resposta e evolução do tumor. Na prática, o médico pode estudar um novo paciente de uma forma mais estruturada graças à possibilidade de combinar a informação que ele mesmo apura com as informações globais do que se realizou com pacientes similares e que lhe oferece este sistema especializado. Assim, por exemplo, um paciente com câncer de mama ou colorretal se aproximará de algum dos padrões que foram estudados no projeto, visto que o o profissional poderá escolher a melhor terapia ou prever sua evolução. O sistema, portanto, permite concluir se uma terapia é mais ou menos efetiva e como se correlaciona essa efetividade com os dados moleculares do paciente e do tumor.

O principal objetivo do sistema é ser convertido em uma ferramenta de ajuda ao oncologista para establecer um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais adequado. Além disso, visa interferir de forma positiva na qualidade de vida do paciente, já que poderá reduzir a exposição a tratamentos agressivos que não são efetivos para um determinado tipo de enfermidade e evitar o risco dos efeitos secundários.

O TradionP permite, além disso, que o profissional formule perguntas sobre a sobrevivência dos pacientes ou a capacidade de retorno (reaparecimento) de um tumor mediante a introdução de dados clínicos que o sistema especializado trabalhará em função de variáveis selecionadas.

Assim, por exemplo, é capaz de criar gráficos com probabilidades estimadas de sobrevivência ou de recaída à medida que se vá superando determinados períodos de tempo. O sistema inclui ainda tecnologias de mineração de dados (Data Mining), que facilitam o estabelecimento de padrões mediante a combinação da informação recolhida na base de dados (por exemplo, mortalidade de pacientes que recebem terapia biológica paliativa com um estado avançado no momento do diagnóstico).

Outros benefícios são a racionalização dos gastos da saúde ao evitar terapias desnecessárias ou a criação do histórico oncológico integrado do paciente para clínicos e profissionais. Além disso, poderá ser oferecido na nuvem com todas as vantagens dos modelos Cloud Computing, de forma que qualquer profissional registrado poderá receber as probabilidade de sobrevivência e retorno de um paciente, a partir de qualquer lugar, através do preenchimento dos dados que o sistema lhe peça e com todas as medidas de segurança que oferece a nuvem da Indra.

Atualmente, o novo consórcio, liderado pela Indra, trabalha no OncoExpert, uma evolução do TradionP, mas que incorpora cinco novos hospitais do Serviço Andaluz de Saúde, na Espanha (Juan Ramón Jiménez, em Huelva; Virgen del Rocío, em Sevilla; Reina Sofía, em Córdoba, Virgen de la Victoria, em Málaga e Ciudad de Jaén), além de 200 casos de câncer de mama e colorretal. Pretende-se ampliar o estudo a outras áreas geográficas da Andaluzia com objetivo de incorporar as peculiaridades que estas patologias possam apresentar nas distintas regiões, e validar assim o sistema em seu conjunto.

Por outro lado, estão incluídas técnicas mais avançadas em detecção de alterações moleculares, como a análise do exoma completo (análise de todos os genes que se transcrevem em proteínas), estudo de novos marcadores tumorais e identificação da presença de células-mãe do tumor como indicadores da evolução do câncer. EFE

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