Putin ameaça UE e diz que poderia cortar envio de gás que passa pela Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 10/04/2014 15h25

Moscou, 10 abr (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou nesta quinta-feira os líderes europeus ao afirmar que Moscou poderia cortar o envio de gás que passa através da Ucrânia devido à contínua falta de pagamento por parte deste país, e pediu “consultas imediatas” a três lados para discutir a questão.

Putin enviou uma carta aos líderes de 15 países europeus e da Turquia que recebem gás russo através da Ucrânia, na qual expressou sua profunda preocupação pela dívida deste país pelo gás que importa da Rússia, que supera US$ 2 bilhões, informou o Kremlin.

Na carta, o líder russo disse que Moscou não exigirá de Kiev outras condições para o pagamento do gás além das estipuladas no contrato existente desde 2009, mas observou que a companhia estatal Gazprom teria direito de enviar apenas o gás pago antecipadamente e, em caso extremo, cortar o abastecimento.

“Claro, isto seria uma medida extrema. Nos damos conta de que isso aumentaria o risco da retirada ilegal do gás que segue através do território da Ucrânia para os consumidores europeus e que poderia dificultar a formação das reservas de gás na Ucrânia para o inverno”, afirmou Putin na carta.

Apesar disso, o presidente sustentou que a “Rússia não pode e não deve sustentar sozinha a carga da economia ucraniana oferecendo rebaixamentos e perdoando dívidas e, de fato, usando esses subsídios para cobrir o déficit da Ucrânia em seu comércio com os países da Europa”.

Putin propôs aos países europeus a realização de “consultas imediatas” a nível de ministros de Economia, Finanças e Energia, no formato Europa-Rússia-Ucrânia, para estabilizar a economia deste país e garantir o fornecimento e transporte do gás.

O líder citou os vários descontos que a Rússia concedeu à Ucrânia no preço do gás nos últimos quatro anos, o que classificou como “subsídio da economia ucraniana”.

Putin afirmou que se tratava de “manter a estabilidade da economia da Ucrânia e de preservar empregos”, e garantiu que “nenhum outro país deu um apoio similar”.

A Gazprom anunciou há uma semana uma alta do preço do gás para a Ucrânia para US$ 485,5 por cada mil metros cúbicos a partir deste mês de abril.

A carta de Putin foi enviada aos líderes da Alemanha, França, Itália, Moldávia, Romênia, Turquia, Hungria, Eslováquia, Eslovênia, Macedônia, República Tcheca, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Bulgária e Áustria.

A Ucrânia anunciou ontem que deixou de bombear gás russo para seus depósitos subterrâneos, que fornecem o combustível para a Europa, já que não aceita a alta do preço anunciada por Moscou.

A Gazprom advertiu que o esvaziamento dos depósitos subterrâneos pode afetar o transporte de gás russo para a Europa no inverno. EFE

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