Putin ataca Ocidente e reconhece que sanções prejudicam a Rússia
Moscou, 4 dez (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, atacou nesta quinta-feira as tentativas do Ocidente de conter o país, reconheceu que as sanções econômicas prejudicaram o país e antecipou os planos de reforçar os laços com a América Latina.
“Falar com a Rússia a partir de uma posição de força é inútil. A política de contenção não foi inventada ontem, se aplica contra nosso país há muitos anos, sempre, se pode dizer que décadas, se não séculos”, disse Putin durante o discurso sobre o estado da nação para as ambas as câmaras do Parlamento.
Putin reconheceu que as sanções internacionais são “prejudiciais” para a Rússia, mas também para seus iniciadores, e se mostrou convencido de que, inclusive sem a anexação da Crimeia e a crise na Ucrânia, o Ocidente “teria encontrado outro pretexto” para impô-las.
Putin dedicou a primeira parte de seu discurso para defender a posição russa no conflito no leste da Ucrânia, estopim do atual isolamento russo sanções ocidentais.
Em clara referência aos Estados Unidos e à União Europeia, tachou de “claro cinismo” o apoio ocidental à derrocada do presidente ucraniano Viktor Yanukovich em fevereiro passado – o que qualificou de “golpe de Estado” – e à violência contra os civis no leste da Ucrânia.
O chefe do Kremlin criticou o Ocidente por apoiar o Exército ucraniano em sua repressão da população pró-russa, como o fato ocorrido em Odessa (Mar Negro) em maio passado “quando pessoas foram queimadas vivas”.
“Agora nos tentam convencer por todos os meios que esta é a política mais ponderada e acertada, e que nós devemos nos subordinar de maneira cega e sem pensar. Isto não vai acontecer”, disse.
Putin ressaltou que Moscou respeita a soberania ucraniana, mas criticou a falta de diálogo sobre o Acordo de Associação entre Ucrânia e UE, que originou os protestos antigovernamentais em Kiev.
Ele criticou a política de contenção ocidental e ressaltou que o Exército russo “é moderno (…) e, como se diz habitualmente, educado, mas temível”, destacando que “ninguém pode conseguir superioridade militar sobre a Rússia”.
“Contudo, nós não temos intenção de nos ver impulsionados a uma corrida armamentista a longo prazo, mas ao mesmo tempo garantiremos de maneira confiável nossa capacidade militar nas novas condições”, disse.
Além disso, criticou os Estados Unidos por seguirem em frente com seus planos de desdobrar elementos estratégicos de seu escudo antimísseis na Europa.
No entanto, o presidente russo deixou claro que “sob nenhuma circunstância pensamos em suspender nossas relações com Europa e EUA”.
“Ao mesmo tempo, restauraremos e ampliaremos os laços tradicionais com o sul do continente americano, continuaremos nossa cooperação com a África e os países do Oriente Médio”, disse. EFE
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