Putin descarta interferência russa na Ucrânia e critica intermediários

  • Por Agencia EFE
  • 28/01/2014 16h17

Bruxelas, 28 jan (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu nesta terça-feira que seu país não vai interferir na situação política na Ucrânia e criticou que haja intermediários agindo assim.

“Tenho certeza que o povo ucraniano vai resolver por si mesmo e a Rússia não vai interferir”, disse Putin em entrevista coletiva no término da cúpula bilateral com a União Europeia realizada hoje.

No mesmo evento o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que a UE continuará com os esforços de mediação entre o governo ucraniano e a oposição.”Não acho que a Ucrânia precise de intermediários. Quanto mais intermediários houver, mais problemas haverá”, comentou Putin.

As manifestações na Ucrânia começaram em novembro quando o governo do presidente Viktor Yanukovich rejeitou no último minuto assinar um acordo comercial com a UE e optou por aceitar de Moscou um empréstimo incondicional de US$ 15 bilhões e uma redução nos preços do gás importado da Rússia.

Van Rompuy insistiu que o uso da força na Ucrânia não vai resolver seus problemas políticos e lembrou que esta noite a chefe da diplomacia comunitária, Catherine Ashton,viajará para Kiev, como fez o comissário europeu de Vizinhança, Stefan Füle, para “evitar a escalada” de violência e contribuir para “restaurar a estabilidade política”.

Diante das “diferentes interpretações e mal-entendidos” que a Associação Oriental pode ter impulsionada pelo bloco europeu para estreitar sua relação com a Ucrânia, Armênia, Geórgia, Belarus, Moldávia e Azerbaijão, Van Rompuy anunciou que a UE e Rússia vão iniciar um grupo de análise essas preocupações.

“Deixei claro que a Associação Oriental não afeta os vínculos econômicos, comerciais, sociais, humanos e culturais da Rússia com muitos de nossos vizinhos comuns”, explicou Van Rompuy, que garantiu que esses laços “não estarão em perigo, mas ao contrário, serão estimulados por um desenvolvimento econômico dinâmico e bem-sucedido” desses países.

E deixou claro que qualquer acordo comercial entre a UE e esses países “é completamente compatível com os acordos comerciais existentes” entre Rússia e eles, e que podem “interagir construtivamente com a União Aduaneira (liderada pela Rússia) enquanto forem aplicadas as normas da Organização Mundial do Comércio e for garantida a liberdade de decisão”.

O presidente russo insistiu que “é em nosso interesse” que os vizinhos comuns da Rússia e da UE sejam “prósperos e desenvolvidos”.

“Estes países tentaram ativamente cooperar com a UE e também preservar seus laços históricos com a Rússia, e nós certamente deveríamos ajudá-los nessas aspirações”, comentou.

A Rússia “sempre respeitou, está respeitando e respeitará os direitos soberanos de todas os entes internacionais, incluídos os Estados novos que emergiram após a queda da União Soviética”.

Sobre o acordo comercial que a Ucrânia não chegou a assinar com a UE, afirmou que “a preocupação aqui não é a decisão soberana da Ucrânia, mas com o impacto econômico do acordo”.

“Qualquer decisão em termos de custos-benefícios para qualquer país deveria ser feito pela nação em questão através de procedimentos democráticos”, concluiu. EFE

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