Putin elogia aproximação Cuba-EUA e evita se pronunciar sobre Venezuela
São Petersburgo (Rússia), 20 jun (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira considerar um passo muito positivo a aproximação entre Cuba e Estados Unidos, e evitou se pronunciar sobre a situação na Venezuela, alegando que não é costume de seu país entrar em questões internas.
Putin, que concedeu uma entrevista aos presidentes das 12 maiores agências de imprensa do mundo, entre elas a Agência Efe, se apresentou com quatro horas de atraso, depois da meia-noite da sexta-feira, por isso se desculpou antes de começar a responder perguntas.
“Quero me desculpar que tenhamos passado da meia-noite, mas já sabem por que ocorreu. Tem a ver com o desejo dos meus colegas que vieram ao Fórum (Econômico Internacional de São Petersburgo) de debater diferentes assuntos. E é difícil interromper as reuniões”, afirmou, dirigindo-se aos chefe das agências.
Os primeiros minutos da reunião foram transmitidos ao vivo pela televisão estatal russa. Depois, mudou o formato da reunião de Putin e seus convidados, que deixou de ser aberta e continuou a portas fechadas, sem possibilidade de gravação, publicação ou transmissão da mesma.
Ao ser perguntado sobre a América Latina, o presidente russo disse que é uma região prioritária para seu país, com a qual tenta manter canais crescentes de colaboração tanto política como econômica.
O chefe do Kremlin não quis se pronunciar de maneira direta sobre o conflito da Venezuela e as gestões a favor dos presos políticos no país sul-americano.
Sobre o tema, ele insistiu que a política de Moscou foi sempre a de respeitar as decisões internas de outras nações. Porém, Putin não fez um pronunciamento claro a respeito.
Com relação a Cuba, no entanto, o líder russo foi muito mais explícito ao apoiar com clareza a abertura do regime e o processo de aproximação com os Estados Unidos.
Putin entende que o povo cubano sofreu as consequências do embargo durante anos, e que a suspensão do mesmo será positiva para Havana e para o resto do continente, sem comentar o fato de que uma maior aproximação com Washington possa representar uma perda de influência de Moscou sobre Havana.
Sobre o aumento da retórica belicista entre Rússia e Estados Unidos, Putin declarou que agora não há uma situação de maior perigo nuclear. Em relação ao fato de a Rússia ter informando que instalará mais 40 mísseis nucleares como resposta ao anúncio dos Estados Unidos de que aumentará sua presença militar e artilharia pesada nos países do Leste da Europa, o chefe do Kremlin afirmou que se trata de corrigir erros.
Putin deixou claro que a Rússia não é um país agressor, não está a favor de elevar o nível de tensão, mas se vê obrigada a responder às ações tomadas contra Moscou pelo Ocidente.
O chefe de Estado russo também respondeu a perguntas sobre a crise ucraniana, pela qual os Estados Unidos e a UE impuseram sanções a Moscou, insistindo que o ocorrido em Kiev há quase um ano e meio foi um golpe de Estado que derrubou o governo legítimo.
Ele afirmou que o leste do país se levantou contra isso, e as novas autoridades responderam com tanques, o que ele qualificou como inadmissível.
Putin defendeu que sejam cumpridos os acordos de Minsk para que o conflito chegue ao fim, e acusou Kiev de bloquear as regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk cortando o pagamento de pensões e com um bloqueio financeiro.
O presidente russo disse que a comunidade internacional deve pressionar o governo do presidente Petro Poroshenko para que cumpra suas obrigações, e negou mais uma vez que a Rússia tenha tropas na Ucrânia para ajudar os rebeldes pró-Rússia, como acusam Ocidente e Kiev.
Putin afirmou ainda que seu país defenderá seus interesses diante do embargo das propriedades estatais do país no exterior.
“Não pode não haver reação”, disse Putin ao ser perguntado sobre o embargo das propriedades russas em vários países europeus pelo descumprimento de uma sentença do tribunal de arbitragem de Haia que obriga Moscou a compensar em mais de US$ 50 bilhões os antigos acionistas da petrolífera Yukos, que foi expropriada pelo governo russo.
Perguntado como defenderá os interesses da Rússia no exterior, Putin afirmou que “isso é preciso ser perguntado aos juristas, que são os que vão agir”.
Em relação ao recente escândalo de corrupção na Fifa, em parte envolvendo a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, Putin disse que seu país ganhou a oportunidade de sediar o torneio “por meios legais” e que “o Reino Unido não mostrou todo o potencial que deveria” para organizar o Mundial”.
“Não pensamos que somos culpados de nada”, insistiu. “Se alguém tem provas, que as apresente. Ganhamos de forma justa e vamos sediar a Copa. Qualquer outra decisão seria injusta. A construção dos estádios começou, e a Copa é muito em breve”, declarou. EFE
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