Putin, mais conciliador com Ocidente, prevê que Rússia superará as sanções

  • Por Agencia EFE
  • 16/04/2015 14h14
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Virgínia Hebrero.

Moscou, 16 abr (EFE).- Durante quatro horas, o presidente russo, Vladimir Putin, respondeu nesta quinta-feira ao vivo pela televisão às perguntas dos cidadãos, aos quais assegurou que a economia se recuperará em dois anos apesar das sanções e se mostrou um pouco mais conciliador do que o habitual com o Ocidente.

Putin afirmou que as sanções ocidentais contra a Rússia já não obedecem à crise ucraniana, por isso que não espera sua retirada em breve.

“Disse aos empresários que, por enquanto, não se pode esperar a retirada das sanções, porque se trata de um assunto meramente político… Um assunto de interação estratégica com a Rússia, para conter nosso desenvolvimento”, afirmou o chefe do Kremlin.

“A Rússia não é o Irã. Nossa economia é maior e muito mais diversificada que a do Irã”, replicou Putin quando um dos moderadores comparou os dois países por estarem submetidos a sanções.

A crise da Ucrânia ocupou boa parte do programa, e sobre ela Putin negou taxativamente que a Rússia tenha enviado tropas ao leste desse país para lutar junto aos separatistas pró-Rússia sublevados contra Kiev, como acusam a própria Ucrânia e o Ocidente.

O presidente russo se mostrou convencido de que uma guerra entre Rússia e Ucrânia é impossível, e tranquilizou uma habitante de uma região fronteiriça com a zona do conflito. “A senhora pode ficar tranquila”, assegurou.

A Rússia não quer “ressuscitar o império”, disse Putin, que reconheceu: “Depois da Segunda Guerra Mundial tentamos impor a muitos países da Europa Oriental nosso modelo de desenvolvimento e o fizemos à força… Não há nada de bom nisso e continuamos sentindo as consequências hoje em dia”.

“Com grande semelhança, assim também se comportam hoje os norte-americanos ao tentar impor seu modelo praticamente em todo o mundo. Eles também fracassarão”, ressaltou.

Putin assegurou que a Rússia não considera nenhum país como inimigo, mas os terroristas e o crime organizado, embora tenha lembrado que seu potencial nuclear é similar ao dos EUA.

Perguntado pela provisão de mísseis antiaéreos ao Irã – que hoje foi estipulado em Moscou pelos ministros da Defesa de ambos os países – opinou que já não há motivo para não fazê-lo depois do pré-acordo fechado recentemente em Genebra sobre o controvertido programa nuclear iraniano.

Voltou a tranquilizar Israel – que se opõe radicalmente ao acordo nuclear com o Irã – assegurando que os sistemas S-300 não lhe ameaçam, já que são “armas defensivas”.

E não esqueceu de destacar que são os EUA o principal fornecedor de armas aos países do Oriente Médio.

Enquanto falava ao vivo foi informado do assassinato hoje em Kiev do conhecido jornalista pró-Rússia Oles Buzina, abatido a tiros em frente à porta de sua casa.

Isto menos de 24 horas depois que morreu de forma similar um antigo deputado do Partido das Regiões, legenda do presidente ucraniano deposto Viktor Yanukovich.

“Este não é o primeiro assassinato político… Na Ucrânia encontramos uma série de assassinatos desse tipo. Onde estão os assassinos dessa gente? Simplesmente, não existem. Nem os assassinos, nem os que os contratam. E na Europa e nos Estados Unidos preferem olhar para outro lado”, afirmou Putin. EFE

vh/ma

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