Putin pede mais esforço de Kiev para paz e oferece gás em “reencontro” com UE

  • Por Agencia EFE
  • 24/06/2014 17h38
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Antonio Sánchez Solís e Luis Lidón.

Viena, 24 jun (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aproveitou a visita de Estado à Áustria para reivindicar mais atos e menos palavras na busca de um acordo sobre o conflito da Ucrânia e defendeu que o gás russo dá segurança energética à Europa.

Esta viagem oficial, a primeiro do líder russo a um país da União Europeia (UE) desde que a crise da Ucrânia explodiu em fevereiro, foi marcada pela polêmica e pelas vozes que consideraram a recepção a Putin em Viena como uma espécie de traição ao alinhamento comum do bloco em relação à Rússia.

Putin deu duas claras mensagens e uma advertência durante sua agenda na capital austríaca: Kiev tem que fazer mais; o gás russo é bom para a Europa; e ele continua disposto a usar a força para “proteger” a população de origem russa na Ucrânia.

Para começar, insistiu que as autoridades ucranianas devem fazer mais para resolver a crise. Putin reconheceu que o cessar-fogo oferecido pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, é um passo na direção correta, mas advertiu que “até agora não foi feito o suficiente”.

“Um cessar-fogo de sete dias não é suficiente. Precisamos de negociações reais, acompanhadas de conversas diplomáticas. Se em sete dias queremos realizar um desarmamento, mas sem negociações substanciais, então estamos condenados ao fracasso”, afirmou.

Putin pôs vários pedidos sobre a mesa: que os grupos separatistas pró-russos do leste não sejam deixados de fora das negociações, que os ultradireitistas ucranianos sejam desarmados, e que o fim da violência esteja acompanhado de um acordo mais amplo.

Enquanto Putin ia para Viena foi anunciado em Moscou que o líder russo tinha pedido ao Senado o cancelamento dos poderes dados a ele em 1º março para determinar o envio de tropas à Ucrânia.

“Enquanto ocorriam eventos dramáticos na Crimeia, não podia descartar o envio de tropas”, disse Putin à imprensa na capital austríaca.

“Graças a Deus pudemos prescindir do envio de tropas”, acrescentou o presidente russo, que se defendeu ao afirmar que não chegou a usar essa autorização, ao não superar o número de soldados previstos “em um acordo internacional”.

Em todo caso, deixou claro que Moscou sempre protegerá as pessoas de origem russa na Ucrânia e a parte do povo ucraniano que “se sente vinculada com a Rússia”.

A visita de Putin esteve marcada também por conversas sobre o gás e um acordo assinado hoje entre a companhia petrolífera austríaca OMV e o consórcio gasista russo Gazprom para ampliar o gasoduto South Stream até a Europa Central.

Putin respondeu aos que alertam que a UE depende demais do gás russo que este “não é um projeto contra ninguém, mas a favor da estabilidade energética na Europa”, em uma situação de dependência mútua que favoreceria a estabilidade.

Este gasoduto, questionado pela União Europeia, que inclusive forçou a suspensão do trecho búlgaro, foi defendido também pelo presidente austríaco, Heinz Fischer, ao destacar que ele cumpre as regulamentações europeias.

O chefe de Estado austríaco argumentou a necessidade de ampliar as vias de abastecimento de gás, especialmente após o fracasso do projeto europeu “Nabucco”, que pretendia justamente fornecer à Europa o gás do mar Cáspio para reduzir a dependência da Rússia.

Fischer defendeu também a visita de Putin, argumentando que a Áustria é um “membro leal” da UE que defende o diálogo como única via para resolver os conflitos.

Por isso, pôs em questão a efetividade das sanções impostas à Rússia pela UE e pelos Estados Unidos e reivindicou também que a Ucrânia, e não somente a Rússia, se coloque para encontrar uma saída para a crise.

Fischer explicou que, em seu encontro com Putin, lembrou que o parecer da UE considerou a anexação russa da Crimeia contrária às leis internacionais e também abordou o tema dos direitos humanos na Rússia.

A esse respeito, Putin se referiu aos “clichês” que existem sobre seu país e os homossexuais, e garantiu que na Rússia a orientação sexual não está submetida a nenhum castigo penal.

Algumas organizações de direitos humanos reuniram centenas de pessoas no centro de Viena para protestar contra as leis homofóbicas russas. EFE

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