Putin volta a exibir sua faceta aventureira na Crimeia
Arturo Escarda.
Moscou, 19 ago (EFE).- A esperada aventura de verão do presidente russo, Vladimir Putin, já tem a polêmica deste ano garantida, embora desta vez seja de índole política, depois de o chefe do Kremlin escolher a península da Crimeia para fazer brilhar sua faceta exploradora.
De todas as fantasias que Putin vestiu desde que assumiu o governo da Rússia, lá em 1999, que vão desde um de tratorista a piloto de hidraviões, o de submarinista deve ser uma de suas favoritas.
Pelo terceiro verão consecutivo, pelo menos desde que o Kremlin decidiu que era uma boa ideia publicar suas aventuras e sua faceta mais viril, o líder russo subiu ontem a bordo de um submarino para mergulhar nas águas da baía de Balaklava para observar os destroços de um antigo navio a 83 metros de profundidade.
“Um objeto muito interessante, que ainda deve ser investigado. Pertence aproximadamente aos séculos X-XI, uma época que coincide com o surgimento do Estado russo, o desenvolvimento das relações com Bizâncio”, disse Putin depois da imersão.
Em um aparente flerte com a polêmica que seu mergulho provocou em 2011, também nas águas do Mar Negro, o líder russo disse que ao redor do navio viu “uma grande quantidade de âncoras espalhadas”, entre outros objetos, e partes da carcaça da embarcação.
Há quatro anos, o Kremlin fez a opinião pública crer que o líder russo tinha encontrado no fundo do mar dois vasos da antiga cidade grega de Fanagoria.
“Tesouro! O chefe da expedição diz que são do século VI depois de Cristo”, disse um sorridente Putin com os dois vasos na mão para os vários jornalistas que estavam na margem.
Depois se soube que os vasos tinham sido colocados especialmente nessa jazida arqueológica submarina, conhecido como a Atlântida russa, também em frente à península da Crimeia.
O galeão que o presidente russo observou hoje foi encontrado há apenas três meses por um clube de submarinistas em uma região próxima a Sebastopol.
Putin, que realizou o mergulho junto com uma expedição da Sociedade Geográfica da Rússia, cujo Conselho de Patrocinadores é presidido por ele mesmo, garantiu que com essa atividade quis realizar “outra nova tentativa de dirigir o olhar das pessoas para nossa história”.
Foi a terceira vez que Putim mergulhou: em agosto de 2009, quando era primeiro-ministro, desceu 1.395 metros no fundo do lago siberiano de Baical, e ano passado, observou a embarcação à ela “Oleg”, naufragada em 1869 no golfo da Finlândia, no Mar Báltico.
A visita do presidente russo à Crimeia, anexada pouco depois da derrubada do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich e da ascensão ao poder das forças europeístas, em 2014, provocou polêmica na Ucrânia, que da mesma forma que o resto da comunidade internacional não reconhece a soberania russa sobre o território.
Putin quis encerrar hoje qualquer debate sobre este tema e sentenciou que a Crimeia é território russo porque assim quis o povo que vive ali.
“O futuro da Crimeia foi decidido pelas pessoas que vivem neste território. Eles votaram pela reunificação com a Rússia e aí está, ponto final”, afirmou o líder do Kremlin.
Por sua parte, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, qualificou a visita de Putin à Crimeia de “desafio ao mundo civilizado”, e advertiu que ela eleva a tensão no leste da Ucrânia.
Para Poroshenko, “viagens como esta são a continuação da militarização da península ucraniana ocupada e provocam um um isolamento ainda maior. Só no seio da Ucrânia a Crimeia, incluído seu turismo, tem futuro”. EFE
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