Qualquer que seja o resultado sobre Selic, BC “sai com credibilidade arranhada”, diz economista

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2016 16h23
Sede do Banco Central, em Brasília. 15/01/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino - 15/01/2015 Sede do Banco Central

O Banco Central criou uma “saia justa” em relação a definição da taxa básica de juros, que será anunciada ainda nesta quarta-feira (20). Inicialmente, o mercado financeiro apostava em peso numa elevação da Selic de 14,25% para 14,75% ao ano. No entanto, com base em sinais passados nesta terça-feira (19) pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, as expectativas mudaram.

Caso o Banco Central não aumente os juros, ou aumente menos do que o mercado financeiro espera – que seria de 0,25% – há também o aumento das dúvidas. Em entrevista a Denise Campos de Toledo, o economista e ex-secretário de política econômica, José Roberto Mendonça de Barros afirmou que as mensagens do BC desta terça “pioram a credibilidade” da entidade. “Qual seja o resultado sobre a taxa, a credibilidade sai arranhada, no mínimo pela incerteza e aparente insegurança sobre o que fazer”, disse.

Independentemente do resultado, Barros pontuou que ocorrerão grandes queixas dos analistas. “Mas se no fim for zero, é inevitável que a interpretação seja que o Banco Central cedeu à pressão política do Planalto e do PT. Aí é péssimo para a eocnomia, porque as outras áreas da política já estão levantando muitas dúvidas e uma série de incertezas”, explicou.

Questionado se o aumento da taxa Selic passar a ser de 0,5% e chegar aos 14,75%, o economista declarou que, mesmo com a ideia do BC de desfazer a intenção intervencionista do Governo, isso seria “ruim em qualquer circunstância”.

Sobre a inflação, Barros disse que ela seguirá pressionada. “Mas o que acho relevante é que o Governo teria que perceber que se ele não fizer sua parte na área fiscal, o BC sozinho, nessas circunstâncias, não tem poder de fogo. Então a inflação vai seguir pressionada, desde que as promessas de hoje de comportamento fiscal não ocorram”, finalizou.

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