Quando um míssil israelense acaba com uma família inteira em Gaza

  • Por Agencia EFE
  • 13/08/2014 06h22
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Saud Abu Ramadan.

Khan Yunes (Faixa de Gaza), 13 ago (EFE).- As equipes de resgate e os parentes da família de Abu Aamer perderam a esperança de encontrar sobreviventes entre os escombros de uma casa da cidade de Khan Yunes, que foi completamente destruída pela Força Aérea israelense.

O episódio aconteceu na semana passada, quando o edifício de dois andares em que viviam se transformou no alvo inesperado de dois mísseis disparados do ar por caças-bombardeiros israelenses.

O resultado, uma família palestina inteira apagada do mapa: pai, mãe e cinco filhos, todos soterrados entre os escombros.

“Primeiro encontramos o corpo do pai, depois o de sua mulher, e continuamos buscando sobreviventes até que, no último dia 5 à noite e a duras penas, encontramos os restos mortais dos cinco filhos”, afirmou Hussein Abu Aamer, o irmão mais novo do pai falecido.

Dezenas de pessoas colaboraram com as equipes de resgate e os familiares mais próximos na busca pelos corpos. “O que eles fizeram contra Israel para que fossem eliminados de forma tão bárbara e criminosa?”, se perguntava, desconsolado, Hussein.

Abu Aamer era quem sustentava a família. E dirigente da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP). “O que aconteceu com ele é uma amostra de que Israel faz ataques contra todos nós”, denunciou o tio das crianças.

Israel lançou no dia 8 de julho uma ofensiva militar contra a Faixa de Gaza, com o objetivo de impedir os ataques das milícias palestinas, através de intensos bombardeios que se prolongaram por quatro semanas consecutivas e deixaram cerca de dois mil mortos e cerca de 10 mil feridos.

Conforme os dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, 60 famílias palestinas perderam pelo menos quatro de seus membros nesses ataques, além de vários casos em que famílias inteiras desapareceram.

O de Abu Zeid, que viviam na cidade de Rafah, no sul do território palestino e próxima da fronteira com o Egito, é outro caso no qual todos os seus membros morreram em um ataque aéreo israelense, pai, mãe e sete filhos.

Os parentes dessa família receberam recentemente, nos escombros da residência destruída, as condolências de vizinhos e amigos da cidade.

Os mortos foram sepultados em três túmulos adjacentes e, pouco depois do fim do enterro, um dos patriarcas, o velho Abu Zeid, gritou para os presentes com uma mistura de orgulho e amargura: “Não dizemos adeus a um ou dois mártires, nos despedimos de famílias inteiras”.

“Oito pessoas foram assassinadas, enterradas sob os escombros depois de sua casa ser destruída. O único sobrevivente é um bebê de 40 dias que agora crescerá sem família”, lamentava.

Enquanto o idoso lamentava, a multidão presente no funeral cantava palavras de ordem exigindo vingança contra o Estado judeu e convocando a resistência “a responder com firmeza” ao inimigo, enquanto descreviam o que ocorre em Gaza como uma “guerra de genocídio”.

Segundo dados dos grupos de direitos humanos em Gaza, mais de oito mil casas foram danificadas nos bombardeios israelenses, 1.375 completamente e 2.627 de maneira parcial.

Os aviões de combate e os tanques israelenses praticamente não deixaram uma única área sem ser bombardeada na Faixa de Gaza. Terrenos agrícolas, campos, edifícios do governo, apartamentos e casas, veículos, fazendas, parques, tudo o que é imaginável de um entorno urbano e rural mostra diferentes graus de destruição.

Além disso, 250 mil pessoas, de uma população de 1,8 milhão em Gaza, ficaram desabrigadas.

Uma das muitas famílias obrigadas a deixar sua casa em busca refúgio, o encontrou em um edifício de seis andares da capital que acabou também sendo atingido por dois mísseis.

O chefe da família, Ibrahim al-Kilani, um palestino de nacionalidade alemã, morreu no ataque junto com sua esposa e os cinco filhos depois de seu abrigo temporário se transformar em uma armadilha.

Pessoas próximas de Kilani relataram com pesar que ele deixou sua casa em Beit Lahia, no norte do território palestino, sem saber que a morte o seguiria até a Cidade de Gaza. EFE

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