Quatro anos depois, o movimento social “15M” espanhol vira corrente política
Madri, 14 mai (EFE).- Quatro anos depois que uma concentração espontânea de “indignados” ocupou a Puerta del Sol, no coração de Madri, questionando a democracia desde seus alicerces, esse movimento se transformou em uma corrente política.
Muitos que acamparam na praça a partir de 15 de maio de 2011 e os que lhe seguiram em toda Espanha agora deram um salto à política, bem dentro de candidaturas populares como em Barcelona e Madri para as eleições municipais de 24 de maio, bem dentro do Podemos, partido nascido em 2014 que é reconhecido como herdeiro daquela indignação.
Na sexta-feira, os indignados voltarão às ruas em um dia de protesto na Puerta del Sol que precederá uma manifestação em 16 de maio.
Também deve ocorrer uma outra concentração nessa praça madrilenha em 23 de maio, véspera do pleito, que na Espanha é chamado de dia da reflexão, quando é proibido fazer propaganda eleitoral.
“O movimento fez política desde o princípio”, explicou à Agência Efe Guillemo Zapata, que se apresenta na candidatura do Agora Madri nas eleições municipais.
Zapata entende o 15M como uma ferramenta que possibilitou o ciclo que foi aberto depois das eleições europeias de 2014, com a irrupção do Podemos como possível força determinante no panorama político espanhol.
Além deste partido, do 15M nasceram diversos movimentos sociais como a Plataforma de Afetados pela Hipoteca (PAH), que defende a vítimas da explosão da “bolha imobiliária” que aconteceu na Espanha a partir de 2008, e as diversas “marés”, grupos que defendem direitos sociais como a saúde e a educação públicas.
Carlos Paredes, porta-voz do grupo “Democracia Real Já” durante aqueles dias, foi testemunha de como uma simples convocação acabou em um movimento tão grande.
Na sua opinião, ninguém pode negar que tanto o Podemos como as diferentes candidaturas populares “bebem ideologicamente” do 15M e que todos eles recolheram do movimento esse espírito de regeneração democrática.
Por outro lado, o autor do livro “O 15M e a promessa da política”, Miguel Ángel Presno, é menos otimista com relação aos frutos do movimento.
“Não conseguiu mudar a maneira de fazer política”, lamenta, embora diga que algumas de suas reivindicações, como a de transparência, foram adotadas por “antigos e novos” partidos políticos. EFE
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