Quatro jovens cazaques narram suas experiências de vida na Espanha

  • Por Agencia EFE
  • 01/01/2015 16h28
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Carmen Clara Rodríguez.

Madri, 1 jan (EFE).- Cerca de 700 cazaques que viajaram das estepes asiáticas ao Mediterrâneo, precisamente à Espanha, se encontram plenamente integrados e assimilaram os costumes espanhóis, mas sem perder suas raízes.

“Na realidade, o mundo é igual, as pessoas são diferentes, mas essa diferença não é vital”, afirmou Erzhan Kulibaev, um renomado violinista que chegou a Madri com uma bolsa de estudos para estudar na Escola Superior de Música rainha Sofia.

Kulibaev, Taurbay, Tartacheva e Bekmurzayev são quatro jovens cazaques que escolheram Madri como lugar para se formar, trabalhar e conhecer outras maneiras de viver.

Darhan Taurbay chegou à capital da Espanha quando tinha 13 anos. Estuda Arquitetura na Universidade Politécnica de Madri.

“Minha família queria que me formasse na Espanha. Por isso estudei o ensino médio em Madri”, explicou, acrescentando que esta fase de estudos na capital lhe facilitou o acesso à Universidade Politécnica, onde cursou Arquitetura e faz parte de um grupo de estudantes internacionais que se comunicam em inglês, sem importar a procedência.

“Estudar fora de meu ambiente habitual me ajudou a focar meu objetivo, me concentro mais, trabalho com mais precisão”, contou.

Este jovem de 22 anos, diz se sentir “em algumas ocasiões cazaque, em outras espanhol”.

Em relação aos costumes, Taurbay destacou a forma de os espnahóis se cumprimentarem. “Aqui é normal que, ao conhecer uma mulher, lhe dê dois beijos, um em cada bochecha. No Cazaquistão, é impensável, inclusive se for a namorada de seu melhor amigo. Quando lhe apresentam pela primeira vez, apenas diz como se chama, nem lhe estende a mão”, descreveu.

O rapaz tem seu coração entre Madri e Almaty. “A magia de Almaty, com suas montanhas protegendo a cidade, é algo muito especial. Te atrai como um imã”, afirmou.

Kulibaev é um violinista com vários prêmios internacionais em seu currículo que chegou a Madri há dez anos.

Uma bolsa de estudos da Escola Superior de Música Rainha Sofía permitiu que este cazaque, que desde criança mostrava destreza com o violino, tornasse seus sonhos realidade.

“Gosto dos dois países da mesma forma. Cazaquistão e Espanha me deram muitíssimo: ser o que sou. Na Espanha, estudei 10 anos de graça com um grande professor, antes tinha me formado em meu país”, disse.

O músico, que tocou com as principais orquestras sinfônicas de diversos países, considera-se um cidadão do mundo, porque sua profissão lhe permitiu viajar muito e chegar à conclusão de que “o mundo é igual”.

“O mundo é um grande Cazaquistão. As pessoas são diferentes, mas a diferença não é vital. Os interesses são praticamente os mesmos em cada país”, resumiu.

Tatiana Tartacheva, de 24 anos, foi à Espanha atraída pelas corridas de Fórmula 1 e pelo piloto Fernando Alonso. “Desde pequena a Espanha me interessa. Queria visitar este país e viver nele”, revelou.

Ele chegou à Espanha pela primeira vez aos 22 anos para cursar um mestrado em Economia e Gestão da Inovação. Sobre o novo país, afirmou que gosta da natureza: “É possível sair de Madri e, em poucos quilômetros, se encontrar em um lugar de plena natureza. Em minha cidade (de origem), isso não acontece”, declarou.

Em relação à diferença de costumes, Tartacheva ressaltou a idade para se casar, já que enquanto em seu país as pessoas se unem em matrimônio no máximo aos 25 anos, na Espanha a idade máxima pode chegar a 35 ou até 40 anos.

O jornalista da agência de notícias Kazinform Berik Bekmurzayev chegou a Madri há poucos meses para contar a realidade da Espanha, um país cuja arquitetura admira especialmente.

“Aproveito contemplando a beleza dos edifícios antigos. Em meu país, os mongóis os destruíram, os mais velhos são da época soviética”, explicou, além de apontar que outra diferença entre Cazaquistão e Espanha é a forma de se alimentar.

“É diferente nos dois países. Nós consumimos muita carne, e na Espanha as verduras e os peixes são parte importante da dieta”, indicou.

O jornalista atribuiu a diferença de alimentação ao clima: o frio faz você consumir proteínas e te impede de cultivar a terra. As verduras no Cazaquistão vêm de China, Polônia e Rússia, e isso encarece o preço. EFE

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