Queda no preço da soja é resultado de especulação, diz diretor da Famato
Cleyton Vilarino.
São Paulo, 21 out (EFE).- Em queda desde que foi anunciada uma possível supersafra nos Estados Unidos e na América Latina, o preço da soja começa a assustar produtores do Mato Grosso, principal estado produtor do grão no país, que temem sofrer com prejuízos caso o valor fique abaixo de R$ 45 por saca de 60 quilos.
“Os preços hoje apontam algo em torno de R$ 40 reais. Isso é um caos, pois não cobre o custo de produção. Mas valores em torno de R$ 45 ou R$ 46 já permitem uma margem de lucro. Não é a necessária, mas pelo menos deixa uma margem para que o produtor possa pelo menos se manter”, avaliou o diretor administrativo e financeiro da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli, em entrevista à Agência Efe.
De acordo com Piccoli, a queda no valor do grão está associada “mais por especulação de probabilidade de supersafra no mundo inteiro” do que por conta de um cenário real de alta. “A China continua demandando compra, o mundo continua aumentando o consumo, os estoques internacionais estão baixos”, avaliou.
Em seu último relatório divulgado nesta semana, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária ressaltou os baixíssimos resultados da soja, com uma produção de apenas 9,3% na média do estado, o que reverteu o ritmo satisfatório das últimas semanas para um recuo anual de cerca de 18 pontos percentuais.
O relatório, que inclusive fala em ressemeadura em grande parte do estado, ressalta ainda uma possível melhora nos resultados do setor com um possível melhora nos índices pluviométricos na última semana de outubro, “quando na média histórica a semeadura deveria atingir mais de 50% da produção”.
Para Nelson Piccoli, os dados indicam uma necessidade de cautela do produtor, mas não é caso para pânico, já que “pelo menos 50% da safra o produtor tem condições de segurar para vender em um momento oportuno”, e os preços no MT devem se estabilizar por volta dos R$ 45.
“O preço hoje, no mercado interno, está na faixa dos R$ 52. Trata-se de um valor 30% acima do ofertado para as safras futuras. Isso é um sinalizador de que o mercado interno poderá absorver um valor um pouco maior porque ele tem necessidade de esmagar soja”, disse o diretor financeiro da Famato.
Segundo ele, o produtor brasileiro deve ter cautela na hora de comercializar e tentar segurar a produção, como deve ocorrer entre os produtores dos Estados Unidos.
“O produtor americano está numa condição melhor de tal forma que ele pode reter a venda, porque o nível de endividamento dele é menor que o do brasileiro. Já aqui no Brasil a gente acredita que o produtor deva comercializar quando ele achar que o preço o satisfaz”, declarou. EFE.
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