Queda permanente da inflação leva à queda sustentável dos juros, diz Goldfajn
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira (9) que “a queda permanente da inflação leva à queda sustentável dos juros, que tem efeitos diretos no crescimento”. Durante encontro com conselheiros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em São Paulo, ele afirmou que, além de aliviar os juros, uma inflação “baixa e estável é condição necessária para a retomada econômica, porque preserva o poder de compra dos indivíduos e das firmas, permite o alongamento dos horizontes de planejamento e diminui as incertezas quanto ao retorno do investimento produtivo”.
Segundo discurso divulgado pela assessoria de imprensa do BC, Goldfajn defendeu que a política econômica tem sido efetiva. Ele lembrou que, no fim de 2015, a inflação estava em 10,7% e, agora, as perspectivas apuradas na pesquisa Focus do BC apontam para uma inflação em torno de 6,6% no fim deste ano, o que representa uma queda de 4 pontos porcentuais.
O presidente do BC afirmou ainda que, “recentemente, a inflação corrente tem surpreendido favoravelmente, com movimento mais disseminado do que apenas a reversão de preços de alimentos”. O comentário reforça uma fala recente do próprio Goldfajn, que destacou o fato de a desaceleração de preços ser percebida em vários produtos, como atestam os índices de difusão.
“É verdade que há sinais de uma pausa na desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, ponderou Goldfajn, em referência aos preços de serviços. “Todavia, surpresas positivas na inflação e a fraqueza na atividade tornam mais provável a retomada do processo de desinflação desses componentes”.
Teto dos gastos
Goldfajn afirmou também que, com o estabelecimento de um teto para os gastos públicos, “o Brasil voltará a fazer escolhas ao invés de elas serem impostas pelas circunstâncias”.
Durante sua fala, Goldfajn fez um diagnóstico sobre os fatores que levaram à situação atual. Segundo ele, o primeiro foi o “fim de um período de ouro para economias emergentes exportadoras de commodities”. O segundo foi “a reação doméstica ao boom econômico e depois ao choque que levou à reversão”.
“Avaliou-se o choque como de natureza temporária, quando, na verdade, ele se mostrou mais persistente. Com base nesse diagnóstico, as políticas anticíclicas adotadas revelaram-se demasiadamente intervencionistas, e geraram sérios desequilíbrios da economia brasileira”, avaliou o presidente do BC.
Ao abordar a situação fiscal, Goldfajn lembrou que os gastos públicos cresceram, em média 6% acima da inflação entre 1997 e 2015. “Gastos crescentes necessitam ser financiados via aumento da carga tributária ou da dívida pública, como foi o caso de hoje, ou, em última instância, via aumento de inflação”, lembrou Goldfajn. “É preciso interromper essa dinâmica o quanto antes”.
Segundo ele, o aumento da inflação, da carga tributária ou da dívida pública para financiar gastos crescentes “não são mais opções viáveis, pois prejudicam a recuperação da economia”.
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