Quênia se veste de listras e estrelas durante estadia de Obama

  • Por Agencia EFE
  • 26/07/2015 23h40
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Desirée García.

Nairóbi, 26 jul (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se despediu neste domingo da terra de seu pai, o Quênia, com um cena especial, a de um público rendido a cada uma de suas palavras em um comício ao mais puro estilo americano, e a convicção de que é o “filho mais importante” do país africano.

Cerca de 6.000 quenianos declararam seu amor incondicional ao presidente dos EUA agitando bandeiras americanas e escutando de pé o hino do país, que pôs um ponto final a sua visita oficial com uma espetacular encenação.

O evento ocorreu no pavilhão esportivo Safaricom Arena, nos arredores de Nairóbi e a poucos metros do estádio de Kasarani, no qual a Polícia queniana manteve detidas cerca de mil pessoas, a maioria refugiados somalis, em uma operação antiterrorista realizada após uma onda de ataques em abril de 2014.

Hoje, o recinto voltou a ficar cheio de policiais e militares, mas por causa de uma só pessoa, a que tem “o trabalho mais difícil do mundo”, segundo Auma Obama, sua irmã.

“Meu irmão, nosso irmão, nosso filho mais importante”, disse Auma antes de dar as boas-vindas a Obama para um auditório que desfrutou escutando suas lembranças familiares e sabendo que ele também come chapati e ugali (tortas e massa de farinha, típicas quenianas) quando se junta com sua “grande família” de Kogelo.

O povoado onde nasceu o pai de Obama fica no condado de Kisumu, terra dos lúo e título de uma das canções mais conhecidas da popular artista queniana Suzanne Owiyo.

As pessoas madrugaram neste domingo, fizeram intermináveis filas e superaram exaustivos controles de segurança com crianças vestidas de uniformes coloridos, mulheres com alegres estampas, adolescentes cobertas por “hijab” branco e quenianos de todas as idades, confissões e tribos.

Todos escutaram de pé o hino nacional americano interpretado pelo cantor queniano Eric Wainaina.

Auma se dirigiu então a um auditório envolvido nas bandeiras de ambos os países para relatar o reencontro com seu irmão, de quem garantiu que continua sentindo muito “próximo e vinculado a sua herança queniana”.

Quando Obama subiu ao palco o público se rendeu por completo, ao escutá-lo exaltar seu orgulho de ser “o primeiro presidente americano-queniano dos EUA”.

Obama não deu tempo de fazer o que diz a canção de Owino de “pegar um carro que me leve a Kisumu”, mas pôde pisar pela terceira vez a terra de seus ancestrais.

A primeira, quando chegou ao aeroporto de Nairóbi sendo ainda universitário, perderam sua bagagem e uma funcionária lhe perguntou, ao ver sua cara e seu passaporte, se era o filho de Barack Hussein Obama, um popular economista queniano.

“Foi a primeira vez que meu nome significou algo”, confessou.

O pai de Obama conseguiu uma bolsa de estudos para ir para os EUA estudar Economia, através de um programa organizado pelo líder nacionalista Tom Mboya, e conheceu sua mãe no Havaí, da qual se divorciaria pouco depois para voltar ao Quênia em 1964.

O Quênia parou estes dias para um líder que se sente como um compatriota. Obama cumpriu com suas expectativas consciente de que, sem aquela bolsa de estudos que levou seu pai para o outro lado do Atlântico, jamais teria sido presidente dos EUA ou, simplesmente, jamais teria existido. EFE

dgp/ma

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