Quenianos lembram vítimas de Garissa e exigem mais segurança ao governo
Xavi Fernández de Castro.
Nairóbi, 7 abr (EFE).- Pouco depois do fim do período de três dias de luto pelo massacre da Universidade de Garissa, centenas de pessoas se reuniram nesta terça-feira no parque Uhuru, em Nairóbi, para lembrar as 148 pessoas assassinadas pelo grupo Al Shabab e pedir ao governo do Quênia que melhore a segurança no país.
“Vim para honrar meus companheiros mortos, que como eu eram estudantes e tinham o sonho de fazer algo grande por seu país. Suas famílias estão sofrendo muito e espero que, quando vejam que estamos aqui para lembrar seus filhos, saibam que não estão sozinhos”, declarou à Agência Efe Peter Koech, um estudante de 20 anos.
Os participantes descarregaram uma montanha de cruzes brancas da parte de trás de uma caminhonete e, ali mesmo, improvisaram um memorial efêmero no qual velas, bandeiras quenianas e um mural com fotos dos falecidos davam um ar de solenidade e pêsame.
“Precisamos lembrar as vítimas. Os nomes dos assassinos sempre são divulgados, mas depois ninguém se incomoda em mencionar os nomes das vítimas”, denunciou o conhecido ativista e fotojornalista Boniface Mwangi, organizador da vigília para lembrar os estudantes.
Em seguida, Mwangi pegou um megafone e começou a dizer, um por um, os nomes de todos os estudantes e membros das forças de segurança que morreram nesse dia, até recitar os 148, cada um repetido em uníssono pelos presentes.
Apesar de não ter reunido tantas pessoas quanto esperavam, os organizadores esperam que este ato tenha algum tipo de repercussão e mostre ao país e ao mundo que o Quênia não se deixará dobrar.
“É importante permanecermos unidos e que as pessoas entendam que o terrorismo é um problema de todos os quenianos. Afeta a todos por igual e, se queremos solucioná-lo, não podemos deixar que nos dividam”, comentou à Efe Meshack Okello, outro estudante que foi ao parque para apresentar sua homenagem aos falecidos.
O governo, que nos últimos dias defendeu sua atuação durante a operação de resgate no campus, recebeu várias críticas por sua passividade e, sobretudo, pelo que muitos definem como “incapacidade de aprender com erros passados”.
“O que estão fazendo?”, se perguntava Meshack ao ser questionado pela política antiterrorista do presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, que em discurso recente perante o parlamento assegurou que a segurança “tinha melhorado” no país.
“O governo tem que se esforçar mais para incluir as comunidades que se sentem marginalizadas, especialmente os jovens”, disse à Efe Joan Ngagi, uma pesquisadora que se aproximou da vigília com algumas companheiras de trabalho.
Por sua parte, Peter pediu ao presidente que deixe de lado as desavenças que tenha com a comunidade internacional e aceite “a cooperação e a ajuda oferecidas por países com mais experiência e melhores redes de informação que as nossas”.
O Executivo de Kenyatta esteve sob uma grande pressão desde que se soube que os serviços de inteligência quenianos receberam informações sobre um possível atentado em uma instituição de educação superior, mas não tomou as precauções necessárias para evitar um ataque.
“Espero que no final consigamos vencer o Al Shabab”, concluiu Peter, antes de depositar as flores que levava na mão junto a uma das cruzes brancas. EFE
xfc/rsd
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.