Rajoy reafirma compromisso da Espanha com maior integração da UE após Brexit

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/06/2016 12h04
EFE/Fernando Alvarado Mariano Rajoy faz balanço de seus primeiros seis meses comandando a Espanha

O primeiro-ministro interino da Espanha, Mariano Rajoy, disse, nesta sexta-feira (24), que seu governo recebeu “com tristeza” a decisão dos britânicos de votarem pela saída do Reino Unido da União Europeia, no processo conhecido como “Brexit”.

Rajoy também reafirmou o compromisso de Madrid com uma “maior integração econômica e política” no bloco. A Espanha está entre os países mais pró-europeus do parlamento de Bruxelas.

Em comentários transmitidos pela TV local, o estadista disse ainda que os espanhóis no Reino Unido e os britânicos na Espanha vão manter os direitos de trabalho e viagem em cada país, como garantido pela legislação europeia, enquanto o governo britânico negocia a retirada do grupo.

Rajoy perspectivou que essas negociações vão demorar “ao menos dois anos”, período que só começará a contar depois que Londres notificar oficialmente os demais integrantes que deixará a união continental.

Trabalhadores em Gibraltar, enclave britânico localizado no extremo sul da Península Ibérica, também poderão continuar “trabalhando e circulando com absoluta normalidade”, disse o premiê espanhol.

O comentário do líder hispânico contrasta com o que afirmou, mais cedo, o ministro de Relações Exteriores interino da Espanha, José Manuel García-Margallo. Para o chanceler, o pleito vai fortalecer a antiga reivindicação espanhola de assumir o controle de Gibraltar.

Madrid e Londres disputam Gibraltar desde que forças anglo-holandesas capturaram o território, em 1704, e os britânicos conquistaram a soberania absoluta da localidade, após nove anos de guerra. Desde então, os ibéricos tentam recuperar a área.

No próximo domingo (25), a população hispânica vai realizar eleições parlamentares. Na campanha pré-eleitoral, o premiê interino e o seu conservador Partido Popular têm prometido manter o período de crescimento econômico e criação de empregos que tirou a Espanha da grave recessão em que se encontrava antes da gestão Rajoy.

O pleito do fim de semana será o segundo na Espanha em seis meses. Uma votação inicial, ocorrida em dezembro passado, levou à fragmentação do Parlamento. As últimas pesquisas mostram que, mais uma vez, nenhum partido individual ou aliança deverá conquistar a maioria. Os parlamentares provavelmente lançarão uma nova rodada de negociações na tentativa de formar uma coligação governista, sendo incerto o resultado dessas conversas.

O impacto do Brexit na Espanha, cuja economia e empresas têm estreitos laços com o Reino Unido, é outro fator de incerteza.

Portugal

Algumas centenas de quilômetros a ocidente de Madrid, o governo português lamentou profundamente os desdobramentos pela saída britânica da União Européia, considerando esta sexta-feira um “triste dia para toda a comunidade europeia”, apontou o chanceler lusitano, Augusto Santos Silva. 

O ministro reiterou que Portugal tem uma “forte comunidade de cidadãos na Grã Bretanha”, garantindo que os direitos dessas pessoas serão “protegidos e garantidos” por Lisboa.

Santos Silva recordou que começará, agora, um processo negocial “muito longo e complexo” para a “saída voluntária” do Reino Unido do grupo dos 28, que se prolongará por dois anos e, até lá, “vigorarão todos os direitos e todos os deveres” do Estado para com Bruxelas, “não há que ter nenhuma espécie de precipitação e é preciso ter-se muita prudência e abertura de espírito para que a negociação se faça nas melhores condições possíveis”.

Por fim, o político reiterou que a posição portuguesa é a de lutar por uma Europa unida e forte, “o lugar de Portugal é a Europa, é a União Europeia, não há nenhuma dúvida sobre isso, essa é a nossa escolha”, cravou, ao mesmo tempo que lembrou que portugueses e britânicos têm “uma relação bilateral muito antiga e bastante forte”, que, sublinhou, “não está em perigo, vai desenvolver-se”.

Questionado sobre o que deverá a União Europeia repensar a partir de agora, Santos Silva referiu que “o projeto europeu não está em causa”, sendo esta “uma oportunidade” para “respeitar melhor as opiniões e as vontades” das populações.

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