Rand Paul, o herdeiro da ideologia libertária republicana

  • Por Agencia EFE
  • 07/04/2015 19h50

Jairo Mejía.

Washington, 7 abr (EFE).- O senador Rand Paul é um “rara avis” conservador, um republicano contrário a guerras no exterior, que mobiliza jovens, que pede mais cuidado com o direito à privacidade e que quer fazer história ao levar à Casa Branca a ideologia ácrata, de menor intervenção do Estado, dos “libertários”.

Paul, de 52 anos, chegou à política apoiado na figura de seu pai, Ron Paul, um veterano e incansável político que ressuscitou o ideário “libertário”, uma vertente dos republicanos que quer voltar aos princípios fundacionais do país e que conquistou um grande número de jovens nos Estados Unidos.

O jovem Paul, senador desde 2011 e que anunciou hoje sua intenção de ser candidato presidencial nas eleições de 2016, tem o apoio de grandes doadores, assim como de uma importante legião de “libertários”.

Esse grupo, que toma distância do discurso oficial republicano e que fez barulho nas primárias de 2012, quando Ron Paul era o candidato, poderia transformar agora o herdeiro da ideologia libertária em um dos favoritos à corrida presidencial.

Durante três anos consecutivos, Paul se proclamou o favorito dos presentes na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), na qual se reúnem os principais candidatos conservadores e onde se mede as intenções de voto das bases republicanas.

Rand Paul é um oftalmologista que em 1988, quando seu pai se apresentou como candidato presidencial do recém-fundado Partido Libertário, começou a ver-se imerso na política e que dedica parte de seu tempo a aplicar seus conhecimentos de medicina aos mais desfavorecidos.

Em 2014, o senador por Kentucky viajou à Guatemala para realizar cirurgias e tratamentos oculares nos mais necessitados, uma missão que ressaltou hoje ao anunciar suas aspirações presidenciais explicando a experiência de devolver a visão àqueles que não podiam ver.

A grandiloquência é uma das características dos políticos americanos quando se dispõem a enfrentar um ano e meio de dura campanha, primeiro frente a rivais do próprio partido nas primárias por todo o país e, posteriormente, contra a maquinaria do partido rival, neste caso o Democrata.

Além de contar com essa grandiloquência, Paul já tem uma mínima infraestrutura de campanha em andamento e está entre os favoritos das enquetes para conquistar a candidatura presidencial republicana.

Segundo a média de pesquisas realizada pelo RealClearPolitics, Paul conta com 8,7% dos apoios, só superado pelo governador de Wisconsin, Scott Walker (16,2%), e pelo ex-governador da Flórida, Jeb Bush (16,8%).

Paul se apresenta a esta corrida pela presidência como “um republicano diferente”, um que advoga por deixar os estados decidirem temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a legalização da maconha ou o aborto.

Afastando-se da linha dominante entre os republicanos, o senador não nega a existência do aquecimento global e que os humanos sejam os causadores do efeito estufa, ao mesmo tempo em que despreza a política externa intervencionista e militarista dos Estados Unidos.

Em geral, Paul se opõe a que o governo federal se atribua o poder de determinar as linhas básicas em temas como educação e siga engordando seu orçamento para regularizar ou governar mais aspectos da vida dos americanos.

O senador considera que os Estados Unidos deveriam estudar se voltam ao padrão ouro, embora, ao contrário de seu pai, não tenha chegado a opor-se abertamente ao fim do Federal Reserve como poder monetário central.

Não por acaso, o slogan com que apresentou seu anúncio de candidatura presidencial foi “Acabar com a maquinaria de Washington”, para defender as liberdades do indivíduo acima de um poder central.

No terreno pessoal, Paul está casado com Kelley Ashby, oriunda do estado de Kentucky, com quem tem três filhos.

Batizado na igreja episcopal, o senador disse que apoia a Primeira Emenda da Constituição de EUA, que estipula a separação de Igreja e Estado, mas o que ele defende é “um governo fora da religião, não a religião fora do governo”. EFE

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