Raúl Castro agradece ao papa Francisco pelo apoio no diálogo entre EUA e Cuba

  • Por Agencia EFE
  • 19/09/2015 22h20
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EFE Papa Francisco foi recebido pelo presidente cubano Raúl Castro

Milhares de cubanos deram as boas-vindas ao papa em sua primeira visita oficial a Cuba, onde foi recebido neste sábado em sua chegada pelo presidente, Raúl Castro, quem lhe agradeceu por sua contribuição ao restabelecimento de relações com os Estados Unidos e seu interesse nos problemas sociais e ambientais do mundo.

Em seu discurso de boas-vindas, Castro deu agradeceu a Francisco pelo apoio da diplomacia vaticana nessa aproximação, um “primeiro passo” para a normalização de relações entre Cuba e EUA, que, depois de mais de meio século de inimizade, “precisava resolver problemas e reparar injustiças”, como o bloqueio “cruel, imoral e ilegal”.

Em sua chegada ao aeroporto de Havana, o receberam ao pé da escada do Airbus A330-200 da companhia Alitalia no qual viajou, o presidente cubano Raúl Castro e o cardeal Jaime Ortega, principal responsável da Igreja Católica no país.

Do ato de boas-vindas também participaram o vice-presidente, Miguel Díaz-Canel; o chanceler Bruno Rodríguez e membros da hierarquia católica de Cuba.

Uma saudação militar a cargo de uma guarda de honra, seguido dos hinos de Cuba e do Vaticano, precederam os discursos, primeiro de Raúl Castro e depois do pontífice, o terceiro a visitar o país em 17 anos.

Em sua saudação ao papa, Raúl afirmou que seguiu “com muita atenção” seus pronunciamentos sobre temas sociais e sua encíclica “Laudato Si”, que se refere “ao futuro, o cuidado do planeta e da humanidade”, que lhe motivaram uma “profunda reflexão”.

Estas impressões de Francisco “serão referenciais” para Castro em seus discursos na cúpula sobre a agenda de desenvolvimento Pós-2015 na Assembleia Geral da ONU, na qual o presidente cubano participará pela primeira vez na próxima semana.

“Começam a ter um eco crescente no mundo sua análise das causas destes problemas e a chamada à salvaguarda do planeta e da sobrevivência de nossa espécie, à cessação da ação predadora dos países ricos e das grandes transnacionais”.

Sobre a visita de Francisco, Raúl disse que será “transcendente e enriquecedor” o encontro do pontífice com um povo “trabalhador, instruído, abnegado, generoso, com profundas convicções e valores patrióticos”.

Raúl lembrou que este ano são comemorados 80 anos do aniversário dos vínculos ininterruptos entre Santa Sé e Cuba, que “são boas e se desenvolvem favoravelmente sobre a base do respeito mútuo” e, sobre a relação com a Igreja cubana, disse que se desenvolve em “um clima edificante”.

Após o ato de boas-vindas, Francisco foi até a Nunciatura de Havana em um papamóvel descoberto construído para a ocasião em Cuba, um percurso de 18 quilômetros no qual o acompanharam milhares de cubanos para celebrar sua visita levando bandeiras, cartazes e saudando o pontífice com entusiasmo.

Cerca de 100 mil pessoas saíram às ruas para recebê-lo, em uma mostra de agradecimento ao papa que ajudou a restabelecer as relações entre Cuba e EUA, e a quem veem com “respeito e admiração” além de credos e religiões.

“Estamos aqui para receber o papa, a apoiá-lo, como sempre vamos apoiar todos os presidentes, todas as personalidades que queiram ajudar nosso país”, afirmou à Efe Vivian, uma havanesa que foi saudar Francisco junto com seus colegas de trabalho.

Para Teresa, uma aposentada que lembra ainda a visita de Bento XVI em 2012, receber o papa é “algo que o povo deve a ele”, pela “honra” que representa “um personagem como esse visitar Cuba” e que se “preocupe” com os cubanos.

“Todo mundo respeita o papa, e sobretudo este, pelo que nos ajudou, e estamos aqui embora não sejamos crentes”, insistiu Juan Enrique, enquanto segurava duas bandeiras: uma de Cuba e outra amarela e branca do Vaticano.

Para os cubanos, Francisco sobretudo é a pessoa que se “pôs ao lado dos pobres” e de quem querem “receber bênçãos”, não só por ser o pontífice, mas “sobretudo” por “ser latino-americano”, advertiu Alfredo, afirmando que tem certeza que os cubanos o farão se sentir “em casa”.

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