Raúl Castro completa 83 anos focado em investimento externo e moeda única

  • Por Agencia EFE
  • 03/06/2014 17h35

Havana, 3 jun (EFE).- O presidente de Cuba, Raúl Castro, completa 83 anos nesta terça-feira sem celebrações públicas, à espera de investimentos estrangeiros que impulsionem a economia do país e com desafios pendentes no plano de reformas como o processo para a unificação monetária.

O aniversário de Raúl não ecoou publicamente em Cuba, onde habitualmente os meios de comunicação (todos controlados pelo Estado) são discretos com estas datas.

No Twitter, centenas de usuários mencionaram hoje o aniversário do presidente cubano, poucos de dentro da ilha, entre eles um do Instituto Cubano de Amizade com os Povos: “Hoje é aniversário de nosso presidente #RaúlCastro. Do #ICAP desejamos #FelicidadesRaúl”.

Nascido em 3 de junho de 1931 em Birán (Holguín, no leste de Cuba), Raúl Castro chega aos 83 anos no segundo ano do último mandato presidencial (que termina em 2018) e imerso num momento em que as reformas promovidas após assumir o poder, substituindo seu irmão Fidel em 2006, estão em uma fase de maior “complexidade”.

No final de junho entrará em vigor a nova Lei de Investimento Estrangeiro aprovada em março e cujo sucesso será determinante para promover a economia da ilha, onde há também muitas esperanças colocadas no projeto do Puerto del Mariel, a primeira área de desenvolvimento especial criada em Cuba.

Outro importante desafio para os próximos meses será o desenvolvimento, em empresas e entidades, da primeira fase do processo para eliminar o câmbio duplo da ilha.

Este é um dos ajustes mais complexos necessários para “atualizar” o sistema socialista de Cuba, onde há 20 anos circulam duas moedas: o peso cubano (CUP), com o qual a maior parte da população recebe salários e usa para o pagamento de produtos e serviços básicos; e o peso conversível (CUC).

O cenário atual no país caribenho também está marcado pela expectativa de mudanças na relação com os Estados Unidos, principalmente depois que em abril meia centena de destacados políticos, empresários, militares e intelectuais americanos pediram, em carta ao presidente Barack Obama, outra política para Cuba.

Há poucos dias foi o presidente da Câmara de Comércio dos EUA, Thomas Donohue, que fez um pedido semelhante durante uma visita à ilha. Ele se reuniu com Raúl Castro e defendeu a criação de um novo capítulo nas relações e da eliminação das “barreiras políticas de longa data”, como o bloqueio.

Os dois países romperam relações diplomáticas em 1961 e desde então mantêm um relação tensa, que recrudesceu nos últimos anos depois da prisão em solo americano de cinco espiões cubanos, condenados nos EUA em 2001 (dois deles já cumpriram penas e voltaram para a ilha) e da prisão do contratista americano Alan Gross em Cuba em 2009.

Raúl Castro assumiu as rédeas do país provisoriamente em 2006 quando seu irmão Fidel renunciou por doença. Em 2008 ratificado formalmente como presidente e iniciou seu plano de “atualização” econômica, com o qual pretende tirar a ilha da grave crise vivida desde a queda da União Soviética.

Entre as reformas se destacam: a limitação dos mandatos políticos, a nova política migratória, a abertura ao trabalho privado e às cooperativas, a redução de fábricas estatais, a entrega de terras em usufruto e a eliminação de proibições como compra e venda de casas e veículos entre particulares.

Na arena internacional, Raúl recebeu este ano, com sucesso, a realização em Havana de uma Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e, embora suas viagens ao exterior possam ser contadas nos dedos, se mantém muito ativo na recepção de líderes e visitantes ilustres na ilha.

Só no mês passado Raúl se reuniu na capital cubana com o presidente do Haiti, Michel Martelly; e com o da Bolívia, Evo Morales; com os chanceleres da Rússia, Sergei Lavrov; da China, Wang Yi, e o governante do Saaraui, Mohammed Abdelaziz.

Enquanto isso seu irmão Fidel, que em agosto completa 88 anos, permanece afastado da cena pública embora nesta terça-feira, após dois meses de silêncio, tenha reaparecido na imprensa cubana com uma mensagem de condolências pela morte do treinador cubano de vôlei Eugenio George. EFE

arj/cd

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