Raúl Castro pede a Obama que use poder executivo pra suavizar bloqueio a Cuba

  • Por Agencia EFE
  • 29/09/2015 20h41
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Nações Unidas, 29 set (EFE).- O presidente de Cuba, Raúl Castro, pediu nesta terça-feira ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que utilize o poder executivo do cargo para reduzir o embargo contra a ilha para continuarem a avançar no processo de normalização das relações.

A informação foi dada pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, após o encontro entre os dois presidentes na sede das Nações Unidas.

“Não haverá normalização com bloqueio, e não haverá progresso substancial no processo de normalização sem mudanças substanciais na aplicação do bloqueio”, citou Rodríguez, que destacou que as decisões executivas tomadas até agora por Obama “são de valor muito limitado”.

Rodríguez lembrou que o presidente dos Estados Unidos possui “amplas faculdades executivas que o permitiriam modificar substancialmente muitos elementos da aplicação do bloqueio”.

Segundo ele, até agora as ações de Obama nesse sentido “não tiveram nenhum efeito significativo, e seu alcance e profundidade foram limitadísimos”.

“O bloqueio imposto a Cuba persiste em sua totalidade, está em completa aplicação, não foi modificado em absoluto”, assinalou o chanceler.

“O ritmo do processo de normalização das relações bilaterais dependerá do levantamento do bloqueio, dependerá da realidade do bloqueio ser modificada substancialmente, mediante a utilização das muito amplas faculdades executivas do presidente dos Estados Unidos”, insistiu.

Desde o anúncio em dezembro do início do processo de normalização das relações diplomáticas, Obama pediu sem sucesso ao Congresso dos Estados Unidos, controlado agora pela oposição republicana, o fim do embargo econômico, imposto a Cuba há mais de meio século.

Raúl Castro, em seu discurso ontem na Assembleia Geral da ONU, deixou claro que essa normalização de vínculos acontecerá, entre outras coisas, quando “for colocado um fim no bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba”.

Como vem fazendo há mais de duas décadas, Cuba deve submeter à votação no dia 27 de outubro uma resolução na Assembleia para condenar o embargo.

No encontro de hoje, o segundo entre os dois presidentes desde o anúncio da aproximação, o presidente cubano “ratificou a vontade de construir um novo tipo de relação”, afirmou Rodríguez na entrevista coletiva.

A reunião, explicou o chanceler, aconteceu em “um ambiente respeitoso e construtivo” e serviu para trocarem impressões sobre a visita do papa Francisco aos dois países, discutir a cooperação em “áreas de benefício mútuo e abordar questões relativas à solução de problemas pendentes”.

Rodríguez lembrou que Cuba e EUA já estão dialogando em várias áreas, como meio ambiente, luta contra o narcotráfico, busca e salvamento de pessoas no mar, terrorismo, saúde e serviços dos correios.

Além disso, disse que Cuba está disposta a discutir um processo de ajustes econômicos para resolver as reivindicações que os dois países têm em relação ao outro.

O chanceler destacou, no entanto, que continua a existir profundas diferenças em Relações Exteriores e em outros âmbitos.

Entre outras coisas, Rodríguez lembrou que seu governo considera a devolução dos territórios onde está a base de Guantánamo um “elemento de alta prioridade no processo de normalização”.

Ao mesmo tempo, considerou que “há uma oportunidade de avançar significativamente na normalização das relações bilaterais no período do presidente Obama”, e que os dois países devem “aproveitar o tempo” que resta a ele na Casa Branca.

Rodríguez destacou que Castro considera Obama um “homem honesto” e que “admira sua origem humilde”.

A Casa Branca, por enquanto, se limitou a assinalar que na reunião de hoje os dois presidentes falaram sobre o “processo contínuo de restabelecimento de relações” entre EUA e Cuba. EFE

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