Rebeldes prosseguem contraofensiva para abrir terceira frente na Ucrânia
Boris Klimenko
Kiev, 30 ago (EFE).- Os separatistas pró-Rússia prosseguiram neste sábado com a contraofensiva para abrir uma terceira frente no leste da Ucrânia, enquanto seguem cercando milhares de soldados ucranianos na região de Donetsk.
Com ajuda de forças russas, segundo as autoridades ucranianas, os milicianos avançaram rumo à cidade de Mariupol, a sede do governo local leal a Kiev e o principal porto no mar de Azov.
Os rebeldes informaram que tinham conseguido cercar a cidade, mas tanto o comando militar ucraniano como os observadores da OSCE que chegaram nesta semana à zona negaram categoricamente.
Mesmo assim, as forças militares ucranianas trabalharam durante os últimos dois dias para reforçar a defesa da cidade, onde milhares de pessoas se manifestaram contra os insurgentes, segundo a imprensa local.
Por sua vez, os separatistas asseguram que alguns de seus destacamentos chegaram ao mar de Azov, por isso que tomaram o controle de grande parte do território litorâneo limítrofe com a Federação Russa.
Por outro lado, os milicianos se mostraram dispostos a atender o pedido do presidente russo, Vladimir Putin, que os chamou na madrugada de sexta-feira para abrir o cerco em torno dos soldados ucranianos em Donetsk.
Segundo certas fontes, milhares de soldados ucranianos estariam rodeados na cidade de Ilovaisk pelos milicianos, que estariam dispostos a abrir um corredor humanitário, mas sempre que seus inimigos entregarem as armas.
Por enquanto, continuam as negociações entre ambos os grupos, já que Kiev não parece disposto a entregar o armamento aos rebeldes, algo que Putin qualificou na sexta-feira de “erro colossal” que causará “um grande número de vítimas”.
Por enquanto, só 30 voluntários aceitaram o oferecido e abandonaram suas posições não sem antes depor suas armas, segundo algumas fontes.
“Por um lado há uma divisão de tanques (russos), por outro um destacamento de paraquedistas. Embora inimigos, são melhores que os separatistas de Donetsk. Ofereceram assistência médica aos feridos”, disse Sêmen Semenchenko, comandante do batalhão ucraniano Donbass.
Segundo o comando militar ucraniano, os russos bombardearam o aeroporto de Lugansk desde plataformas de lançamento de mísseis Grad (Granizo) e também arrasaram a cidade de Novosvetlovsk.
Por sua vez, fontes da autoproclamada república popular de Donetsk afirmaram que cercaram outro grupo de soldados ucranianos em Volnovaya, cidade situada entre Donetsk e Mariupol, embora isto não tenha sido confirmado ainda por Kiev.
“O comando ucraniano perdeu definitivamente o controle sobre esta parte da frente”, assegurou um porta-voz separatista à agência russa “Interfax”.
Por tudo isso, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, viajou hoje a Bruxelas para pedir aos países-membros da União Europeia, além de sanções contra o Kremlin, cooperação militar.
“Não esperamos que soldados de outros países combatam na Ucrânia para defender a soberania, a integridade territorial e a inviolabilidade de nossas fronteiras”, disse.
A Ucrânia espera “cooperação técnico-militar da comunidade internacional”, entre outras coisas no âmbito da inteligência militar, acrescentou
Com relação a isso, Dalia Grybauskaite, presidente da Lituânia, uma das principais aliadas de Kiev na UE, pediu hoje o fornecimento material militar à Ucrânia e a imposição de um embargo total de armas para Rússia por sua intervenção militar a favor dos rebeldes.
Enquanto isso, a opositora Yulia Tymoshenko advogou hoje por convocar um referendo de ingresso na Otan para 26 de outubro, coincidindo com as eleições parlamentares antecipadas.
O governo ucraniano anunciou nesta semana sua intenção de renunciar à política de não alinhamento introduzida pelo derrubado presidente, Viktor Yanukovich, mas a Alemanha já disse que a Aliança não tem intenção de aceitar por enquanto em seu seio a Ucrânia.
No plano positivo, os chefes dos serviços fronteiriços da Ucrânia e Rússia mantiveram hoje consultas para garantir a impermeabilidade da fronteira, ponto de entrada de tropas e armamento russo, segundo Kiev.
Além disso, o Grupo de Contato, no qual estão representadas Ucrânia, Rússia e a OSCE, retomará suas consultas em Minsk, em virtude do estipulado na recente cúpula realizada na capital bielorrussa.EFE
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