Refém é libertado e termina sequestro em hotel de Brasília

  • Por José Maria Trindade/Jovem Pan
  • 29/09/2014 16h19
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BRASÍLIA, DF, 29.09.2014: SEQUESTRO/DF - Jac Souza dos Santos, que manteve por mais de sete horas um refém dentro de um quarto de hotel no centro de Brasília, se entregou nesta segunda-feira (29), por volta das 16h. Santos estava armado e fez com que um funcionário do hotel St. Peter usasse um colete em que supostamente estaria material explosivo. Não há feridos. (Foto: Alan Marques/Folhapress) Alan Marques/Folhapress Jac Souza de Santos

Chegou ao fim por volta das 16h10 o sequestro de um funcionário do Hotel Saint Peter, área nobre de Brasília (DF). Policiais de preto apareceram na sacada do quarto do hotel e quatro carros da polícia encostaram na entrada do estabelecimento para levar o sequestrador. O rapaz de 30 anos já estava no carro dos oficiais às 16h20. O refém, Aírton, de mais de 50 anos de idade, foi levado ao hospital para ter sua condição física e psicológica avaliada, mas passa bem.

A arma utilizada era falsa, constatou a polícia. O delegado Paulo Henrique Almeida disse que os supostos explosivos amarrados ao corpo do refém serão levados para averiguação. O ato foi premeditado, garantiu o delegado.

Como foi o sequestro

Na manhã desta segunda, um homem de 30 anos deu entrada no Hotel Saint Peter armado com uma pistola e fez um mensageiro do estabelecimento refém. Ele disse a hóspedes que não estava brincando e que aquele seria um ato terrorista. Rapaz bem vestido, trajando camisa social, ele algemou o funcionário Aílton e aparecia na sacada do 13º andar gritando mensagens políticas desconexas. Aílton também teve que vestir um colete com possíveis bananas de dinamite. A polícia tinha quase certeza de que se trata de fato de explosivos. Se isso fosse confirmado, uma possível detonação teria o poder de causar danos a três andares do prédio.

Mais tarde, as algemas foram retiradas. A arma não era frequentemente apontada para o refém e o sequestrador a segurava para baixo na maior parte do tempo. O mensageiro refém permaneceu o tempo todo calmo.

O homem que protagonizou o ato foi identificado pela polícia: é de Tocantins, já disputou um cargo eletivo para vereador na pequena cidade de Combinado, do Estado, além de ter sido secretário de agricultura do município. Ele também contactou familiares. A mãe foi hospitalizada quando soube do caso e falou com o filho sequestrador por telefone.

Por volta das 15h, aumentou o policimento e o raio de isolamento em torno do Hotel Saint Peter. O local é próximo à Praça dos Três Poderes e à Esplanada dos Ministérios. Atiradores se posicionavam nas redondezas do hotel, aumentando a tensão no local, informou o repórter Jovem Pan em Brasília, José Maria Trindade.

Oficiais chegaram a cogitar a invasão do quarto do 13º andar e analisavam a estrutura do edifício e da redondeza. A estratégia que estava sendo usada, porém, era a de tentar acalmar o sequestrador. Três negociadores profissionais tentam fazer a mediação, sem muito sucesso. Macas foram colocadas estrategicamente na portaria do hotal.

Pouco antes, o sequestrador atirou um bilhete aos policiais, possivelmente com suas reivindicações políticas anotadas, a cujo cumprimento foi dado o prazo das 18h. O invasor fez discursos sobre o momento político atual, reforma política, pedindo também a extradição de Cesari Battisti (terrorista italiano cuja permanência no Brasil o STF autorizou) e aplicação da lei da Ficha Limpa.

Sequestrador e refém, este já sem o colete de explosivos que trajava momentos antes, apareceram um algemado ao outro por volta das 16h, mas com os braços abertos, dando a entender que as negociações avançaram e que ele se entregaria a qualquer momento. O fim do sequestro se deu minutos depois.

Transtornos

Os cerca de 300 hóspedes foram retirados do hotel e alguns até perderam voos agendados. A polícia foi buscar os pertences dos hóspedes nos quartos da hospedaria, isolando totalmente apenas o 13º andar.

Fala-se de um surto psicótico do agressor. Esta seria a segunda confusão que ele teria causado. Mais de 10 viaturas da polícia e do corpo de bombeiros estiveram presentes.

O Hotel Saint Peter é o mesmo que ofereceu emprego de R$25 mil por mês a José Dirceu quando ele estava preso pelos crimes cometidos no mensalão. O estabelecimento em área nobre da capital federal (setor hoteleiro sul) também é conhecido por ter sido construído pelo ex-deputado federal Sérgio Naya.

(Imagem 1: Luís N. Oliveira/Futura Press/Folhapress; Imagem 2: Reprodução/Google Maps)

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