Refugiados sírios morrem de frio no Líbano

  • Por Agencia EFE
  • 12/01/2015 06h49

Susana Samhan.

Al Minia (Líbano), 12 jan (EFE).- O forte frio que castiga a região do Oriente Médio nestes dias aumentou o sofrimento dos refugiados sírios tanto dentro quanto fora de seu país, com pelo menos dez mortes registradas recentemente.

“Queremos combustível! Queremos combustível!”, gritava um grupo de crianças com os rostos congelados pelo frio no acampamento número 4, na cidade de El Mina, no norte do Líbano.

Após quatro dias de chuva, na última sexta-feira finalmente saiu o Sol neste mar de tendas de campanha improvisadas, feitas em sua maioria de plástico.

As crianças organizam um “protesto” espontâneo para pedir combustível para esquentar suas casas, como pôde presenciar a Agência Efe, no meio de um lugar que se transformou em um lamaçal. Alguns sortudos usam casaco, mas a maioria das crianças veste apenas um moletom e nos pés usa somente chinelos e meias soquetes sem sapatos. Nenhum deles têm uma bota pelo menos.

O fim das chuvas causou uma queda nas temperaturas e, não muito longe dali, algumas montanhas continuam com neve no cume.

Neste acampamento, onde a pobreza impera, a única cobertura para o frio são as khaimas (tendas), onde as estufas estão apagadas porque não há combustível que as alimentem. Aqui vivem mil refugiados, em sua maioria de um povoado perto de Homs.

“Dos três invernos que passei no Líbano, este foi o pior”, declarou Esmat Kaled Bahas, responsável pelo acampamento 4.

Esta foi uma das semanas mais difíceis para estes refugiados, que mal dispõem de fontes de renda, que vem do pouco que alguns homens ganham trabalhando ocasionalmente nesta área agrícola, onde é abundante o cultivo de limão e batata.

Há dois anos e meio, Bahas decidiu sair de sua cidade de origem, depois que sua casa foi destruída por bombas. Agora, está longe da violência, mas os dissabores continuam no Líbano.

“Antes recebíamos US$ 30 por mês (R$ 79) do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), mas agora reduziram para US$ 16 (R$ 42) por pessoa e restrito apenas à comida”, lamentou Bahas, cuja família, de 15 membros, está dividida em três tendas.

A água entra em algumas khaimas, que têm goteiras, e os bebês choram de frio, que suas mães tentam diminuir se privando de usar casacos para dar para as crianças.

Segundo dados preliminares do Acnur, cerca de cem refúgios e tendas de campanha sofreram danos no Líbano, onde alguns assentamentos no sul foram levados pelas ondas do mar. A agência da ONU calcula que 55% dos refugiados estão abaixo de seus padrões no Líbano, com mais de 1.420 acampamentos informais, já que as autoridades não permitem a criação de assentamentos oficiais por medo de que os sírios fiquem definitivamente no país.

Uma das ONGs que trabalha com os sírios no território libanês é o Conselho Norueguês do Refugiado (NRC, sigla em inglês).

Na tenda de Esmat Kaled Bahas os oito integrantes da família, sendo eles seis crianças e sua mulher grávida de cinco meses, ficam juntos para gerar calor.

“Queremos roupa e combustível”, resumiu o pai, enquanto faz carinho no cabelo da filha mais velha, Sara, de seis anos, que não para de tremer de frio.

A desesperança se estende entre os moradores do acampamento, que não acreditavam que sua estadia no Líbano se prolongaria por tanto tempo.

“Quando viemos há dois anos não pensávamos que íamos ficar tanto e, olha, continuamos aqui sem poder voltar para a Síria”, lamentou Bahas. EFE

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