Região mais desigual do mundo, América Latina toma medidas pela igualdade
Madri, 30 out (EFE).- A América Latina continua sendo a região mais desigual do mundo, apontou o último relatório da Oxfam apresentado nesta quinta-feira em Madri, mas o diretor-geral da ONG na Espanha, José María Vera, afirmou que esses países “estão tomando algumas medidas para avançar”.
O documento intitulado “Iguais: acabemos com a desigualdade extrema. É hora de mudar as regras” explica que os ricos latino-americanos detêm 50% da riqueza da região e os mais pobres apenas 5%.
A região ocupa o primeiro lugar em crescimento de bilionários, que aumentaram 38% no último ano.
Apesar destes números, o diretor da Oxfam Intermón reconheceu que a América Latina “quer avançar em sistemas fiscais mais fortes”. O relatório explicou que ainda há muito a fazer neste sentido, levando em conta que as grandes fortunas da região têm cerca de US$ 2 trilhões depositados em paraísos fiscais, o equivalente ao PIB brasileiro.
Outra das medidas foi a criação de políticas públicas nos setores educativos e sanitários, o que pode promover grandes avanços para reduzir a desigualdade.
O documento ressaltou que na Argentina, Bolívia, Brasil, México e Uruguai “só os recursos derivados da atenção à saúde e a educação reduziram a desigualdade entre 10% e 20%”.
Por isso, afirmou que apesar de estar em primeiro lugar no quesito desigualdade, a maioria dos países latino-americanos reduziram esses índices na última década, o que se deve a “uma mudança coordenada das políticas governamentais, que se afastaram das políticas favorecidas pelo modelo econômico do ajuste estrutural”.
Vera acrescentou que à desigualdade se soma a combinação de violência e corrupção, “três elementos que estão ligados. Por exemplo, a região tem as 41 cidades mais perigosas do mundo inteiro”.
Embora o aumento de bilionários seja muito mais alto na América Latina, trata-se de um fenômeno mundial. Eles dobraram desde o início da crise econômica mundial em 2008, passando de 793 a 1.645 em 2014.
As 85 pessoas mais ricas do mundo ganharam juntas US$ 668 milhões por dia e quase meio milhão por minuto, o que significou um aumento de 14% em suas fortunas.
Com o relatório, a Oxfam lança uma nova campanha para exigir que os líderes mundiais transformem suas palavras em fatos e adotem medidas para conter a evasão de divisas e a sonegação fiscal por parte de grandes empresas e dos mais ricos, que devem contribuir de forma justa com os Estados para que os países possam combater a desigualdade e construir sociedades mais justas. EFE
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