Região oeste de SP é novo ‘gargalo’ do abastecimento

  • Por Estadão Conteúdo
  • 06/06/2016 08h47
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O Governador de São Paulo inaugurou a obra estruturante de ligação entre o Rio Grande com a represa Taiaçupeba. A obra tem mais de 21km de extensão. Rio Grande da Serra - 30/09/2015 - Foto: Eduardo Saraiva/A2IMG Fotos Públicas Obra SABESP

Após dois anos correndo atrás de obras emergenciais para evitar o colapso do abastecimento de água na região metropolitana durante a crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) se debruça agora sobre a elaboração de novo plano de ações para garantir o fornecimento até 2045, quando terá de atender 2,5 milhões de pessoas a mais e 35% novos domicílios ligados à rede.

Dados registrados na última década e projeções de crescimento econômico e populacional futuros mostram que a região oeste da Grande São Paulo é o novo gargalo do abastecimento de água, a exemplo do que foi a região sul nas décadas de 1950 e 1960, a norte (1970) e a leste (1980 e 1990). Nos anos 2000, a porção oeste, que inclui a parte da zona oeste da capital e mais dez cidades, como Barueri e Itapevi, foi a que registrou o maior aumento da demanda por água (22,5%).

A região se tornou um grande centro industrial e empresarial de São Paulo, atraindo novos moradores e empreendimentos imobiliários, como os bairros Alphaville, Tamboré e Granja Viana Só nos últimos cinco anos, por exemplo, a taxa de crescimento anual da população em cidades como Cotia (2,3%) e Santana de Parnaíba (2,7%) foi três vezes maior que a média da região metropolitana (0,8%), segundo a Fundação Seade.

A população atual dessa região englobada é, atualmente, composta por mais de 4,2 milhões de pessoas, que dependem dos sistemas Alto e Baixo Cotia, que são antigos e pequenos, além do Cantareira e Guarapiranga, que abastecem diversas outras áreas e estão com suas estruturas próximas do limite. A tendência é de que a região cresça ainda mais nos próximos anos, com previsão de novos megaempreendimentos e, nesse contexto, torna-se no principal desafio da estatal paulista a longo prazo. 

“A região oeste é a que mais cresce hoje e demanda uma atenção especial”, afirma Regina Ferraz, gerente de planejamento técnico da companhia, destacando a importância da conclusão do Sistema São Lourenço, novo manancial que está em obra e deve abastecer cerca de 1,5 milhão de pessoas na região, a partir de outubro de 2017, aumentando a oferta de água para uma demanda crescente e desafogando os outros sistemas. 

Segundo Regina, a maior parte dos novos moradores da área é fruto de uma maciça migração interna dentro da Grande São Paulo, o que “torna ainda mais importante ter um sistema de abastecimento integrado e flexível”.

Às margens da Rodovia Raposo Tavares, por exemplo, no limite da capital com Osasco e Cotia, está prevista a construção de um megacondomínio com 19 mil apartamentos distribuídos em 124 prédios e que deve ter shopping e supermercado. Técnicos da estatal já estudam, nessa planificação, a melhor forma de providenciar toda a infraestrutura de abastecimento de água e coleta de esgoto. 

“É um empreendimento enorme que vai nos obrigar a construir um novo setor de abastecimento para atender cerca de 100 mil pessoas”, diz Viviana Borges, gerente de planejamento operacional da região metropolitana. “Causa um baita impacto na nossa estrutura e precisamos estar preparados quando o empreendedor iniciar a construção.”

Simulação

A Sabesp também já simulou a situação do abastecimento com a construção de outros dois empreendimentos gigantes, um no Jaraguá, parte noroeste da capital, onde hoje há vegetação, e outro na cidade de Cajamar, também a noroeste, e que deve quase duplicar a população do município, que está hoje em torno de 71 mil habitantes.

Nos dois casos, os técnicos já dimensionaram as obras necessárias para atender aos novos bairros e não prejudicar o abastecimento do entorno com a ajuda de um software capaz de simular quantos litros por segundo serão necessários para atender cada setor no futuro e se as tubulações instaladas na região vão suportar esse volume. A Sabesp calcula, agora, o que precisará ser feito para evitar um novo racionamento, caso uma seca tão severa como a de 2014 ocorra novamente até 2045.

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